A Azul Linhas Aéreas , que há quase 11 anos voou do Aeroporto de Viracopos, em Campinas (SP), para o Aeroporto de Santos Dumont, no Rio de Janeiro, com um biocombustível à base de cana–de–açúcar – tem mantido seus planos de voo quando o assunto é decolar com o uso de SAF (sustainable aviation fuel), ou combustível sustentável de aviação.
Na época, a companhia fez um dos primeiros voos-teste realizados no país com um combustível renovável para jatos (no caso, um Embraer 195 da Azul, com motores CF34-10E da GE). O SAF, produzido especialmente para aquela ocasião pela empresa Amyris, com matéria-prima brasileira, tem as características e o desempenho semelhantes ao do querosene de aviação – e foi usado para abastecer 50% do tanque do E 195. A experiência foi um sucesso, mas nem o setor da aviação e nem o mercado de biocombustíveis brasileiros estavam preparados para tal avanço.
Desde então, a Azul não parou de se atualizar sobre as novidades, de formar equipes de especialistas em SAF e de buscar em mercados mais experientes potenciais parceiros para novos projetos e investimentos. Uma dessas iniciativas foi a participação de representantes da área de Sustentabilidade e de Engenharia da companhia no SAF Exchange 2023, realizado recentemente em Washington DC (EUA), pelo ICF e pela Secretaria de Bioenergia (BETO) pertencente à Agência de Proteção Ambiental Americana (EPA).
Segundo Filipe Alvarez, gerente de Sustentabilidade da Azul, a presença da companhia em um evento como esse é fundamental para “atualizar nosso conhecimento, enriquecer nossa expertise e nos inspirar com as boas iniciativas desenvolvidas pelo governo americano na agenda de SAF. O Brasil, um dos pioneiros na produção de biocombustíveis no mundo tem um potencial enorme para ser um dos maiores produtores mundiais do combustível sustentável de aviação”. E completa: “SAF para Azul não é novidade, mas estamos aqui para atualizar nosso conhecimento e trocar experiencias com especialistas do mundo inteiro para fortalecer nossos planos estratégicos envolvendo o SAF”.
Para Diogo Youssef, gerente de Engenharia de Operações de Voo e Combustíveis da Azul, a participação no SAF Exchange 2023 permite que a companhia conheça diferentes estágios de desenvolvimento das políticas e cadeias produtivas de SAF em diferentes países para criar uma estratégia própria e que contribua para o fornecimento desse tipo de biocombustível no Brasil. “Temos a segunda maior produção de cana-de-açúcar do mundo, que hoje é uma das principais matérias-primas do SAF, e somos o maior consumidor de querosene de aviação da América Latina. Para atender a demanda nacional e minimizar os impactos financeiros, o Brasil deve focar na criação de um modelo que não necessariamente seja cópia dos adotados no restante do mundo. Estar em fóruns como o SAF Exchange permitirá a Azul ficar à frente dessas discussões no país”, resume.