A farmacêutica brasileira Cellera Farma e a Ferring, empresa suíça que atua em medicina reprodutiva, saúde materna, gastroenterologia e urologia, acabam de firmar uma parceria, unindo suas maiores competências para o desenvolvimento de um medicamento inovador no país. Trata-se do DLG, um gel, que combina dois fármacos, de uso tópico (local). Inovador, o medicamento vai acelerar o processo de cicatrização da fissura anal e controlar a dor.O modelo de negócio prevê a transferência de know how (conhecimento), desenvolvimento, produção e comercialização de um medicamento do portfólio da gastroenterologia.
Para Omilton Visconde Júnior, presidente da Cellera Farma, é estratégico entrar para um mercado com cenário competitivo favorável, onde uma necessidade médica não é atendida para o diagnóstico atualmente. “Buscar alianças é o core do negócio Cellera e a parceria com a Ferring no projeto DLG fortalece nosso posicionamento em gastroenterologia, agregando valor ao nosso negócio”, afirma o executivo
As vendas da Cellera em 2022 deverão atingir R$ 480 milhões, um crescimento de 28% em relação a 2021. A expectativa para 2022, com o novo negócio, é ampliar a participação da farmacêutica em doenças gastrointestinais. A área de medicamentos em gastroenterologia é um mercado em forte expansão e somente em 2021 ampliou 9%.
Segundo Rafael Suarez, CEO da Ferring, a oportunidade de ingressar no mercado brasileiro com um fármaco inédito traz uma perspectiva positiva. A Ferring tem um consolidado know-how de como desenvolver produtos nas áreas de fertilidade, saúde feminina, urooncologia, gastroenterologia – com especial atenção a disbiose intestinal- dentre outras. “Não possuímos unidade fabril no Brasil. Por estratégia da empresa foi proposto inicialmente um desenvolvimento local (Brasil), mas com potencialidades de internacionalização. Assim, buscamos uma empresa que tivesse, ao mesmo tempo, expertise para produção de semissólidos, capacidade produtiva, capilaridade no mercado de gastro e apetite para crescer além de nossas fronteiras. E vimos na Cellera um parceiro perfeito para essa iniciativa”, explica Suarez.
No Brasil, no ano de 2021, mesmo durante a pandemia a empresa manteve os investimentos em Pesquisa e Desenvolvimento da companhia foram próximos a R$ 12 milhões. A Ferring investe de 18% a 20% do seu faturamento para o desenvolvimento de novos produtos em seus 12 centros de inovação em diversos países.
O DLG será produzido no Brasil na planta da Cellera Farma em Indaiatuba, interior de São Paulo. Segundo a empresa, a planta da fábrica possui capacidade produtiva e a mesma tecnologia empregada pela Ferring durante a etapa de desenvolvimento do produto para fabricá-lo em escala industrial. “Estamos otimistas em trazer para o mercado um medicamento inovador para o tratamento de uma patologia com elevado subdiagnóstico com grande chance de um tratamento de sucesso”, completa Visconde Júnior.