O comércio entre o Brasil e EUA atingiu US$ 55,5 bilhões e representou a 2ª maior marca histórica na corrente entre os dois países, conforme revela o Monitor do Comércio publicado pela Amcham Brasil. O recorde ficou abaixo do ano passado, quando havia uma combinação de preços internacionais elevados e expansão nas trocas de alguns bens de energia. No comparativo com 2022, a contração na corrente bilateral de comércio foi de 17,4%, puxada principalmente pelas importações.
Do lado das exportações, houve redução de 4,5%. As vendas de produtos industriais brasileiros para os EUA permaneceram praticamente estáveis, com redução de apenas 0,7% – menor que a registrada nas exportações totais deste setor do Brasil para o mundo (-3,1%). Com isso, cresceu a importância relativa dos bens industriais nas exportações do Brasil aos EUA, passando de 78,5% para 81,6%.
Para o CEO da Amcham Brasil, Abrão Neto, “a redução observada até o momento nas trocas bilaterais está concentrada em alguns poucos setores e por motivos como preços ou situações conjunturais. No geral, o comércio segue dinâmico, com crescimento na maioria dos produtos e perspectiva positiva, sobretudo nos itens de maior valor agregado e intensidade tecnológica”.
O déficit comercial do Brasil com os EUA caiu 80% no ano, comparado com o mesmo período de 2022, passando de US$ 11,5 bilhões para US$ 2,3 bilhões. Cinco dos 10 produtos mais vendidos pelo Brasil aos EUA tiveram alta em valor no período. O maior destaque foram os equipamentos de engenharia civil, cujo valor saltou 40,5%, de US$ 881 milhões para US$ 1,2 bilhão. Outros produtos com aumento importante foram: semiacabados de ferro ou aço (7,0%), celulose (9,1%), combustíveis de petróleo (106,9%) e sucos de frutas (58,5%). Em termos de quantidade exportada, oito dos dez principais produtos tiveram alta no período.
Esses números são explicados por vários motivos. A diminuição dos estoques de petróleo dos EUA fez com que o país passasse a importar mais combustível em 2023. A demanda aquecida no setor de infraestrutura e indústria norte-americano segue estimulando as exportações brasileiras de ferro, aço e equipamentos de engenharia civil. O forte aumento das vendas brasileiras de sucos de frutas tem relação com eventos climáticos e pragas na lavoura da região sul dos EUA.
As compras brasileiras dos EUA tiveram forte contração de 26,5% no ano (- US$ 10,4 bilhões). Esse comportamento é explicado pela redução das compras de bens energéticos, como óleo combustível, petróleo bruto e gás natural, que, juntos, caíram US$ 10,5 bilhões. Ainda assim, as importações brasileiras vindas dos EUA registraram US$ 28,9 bilhões, segundo maior valor histórico desse indicador.
Entre os 10 principais produtos importados pelo Brasil dos EUA, houve alta em seis deles, incluindo: motores e máquinas não elétricas (14,6%); aeronaves (13,0%), inseticidas e fungicidas (0,1%), polímeros de etileno (1,9%), instrumentos e aparelhos de medição (22,5%) e outros medicamentos (31,1%).