Rafael Cervone, vice-presidente da Federação e Centro das Indústrias do Estado de São Paulo (FIESP/CIESP), ao comentar o pedido de demissão do ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, observou que, independentemente das razões que motivaram a saída, “o importante agora é olhar para a frente e reposicionar a política externa brasileira”.
Nesse sentido, frisou Cervone, “a agenda é clara: negociações urgentes com países que possam nos fornecer excedentes de vacinas contra a Covid-19, em prazo mais curto; abertura de um diálogo mais franco sobre a questão ambiental, que tem gerado desconforto em nossas relações multilaterais e bilaterais; melhoria das relações com os principais países europeus, para ratificar o acordo do Mercosul; intensificar relações com o novo governo dos Estados Unidos; e por fim, faltam clareza e transparência nas negociações externas, as reivindicações da indústria merecem eco. Esta última questão, notadamente na preservação dos instrumentos de defesa comercial.
Outro aspecto relevante diz respeito à maior participação de representantes da iniciativa privada na diplomacia econômica. Como exemplo da pertinência dessa sugestão, Cervone citou a recente reunião comemorativa aos 30 anos do Mercosul, na qual houve desentendimentos entre presidentes e muita dificuldade de se encontrarem pontos consensuais. “No entanto, a Confederação Nacional da Indústria (CNI) e entidades congêneres da Argentina, Uruguai e Paraguai elaboraram documento consensual e consistente em termos de propostas, demonstrando que o futuro do bloco e dos nossos países requer crescimento, competitividade e integração”.
Cervone, candidato à presidência do CIESP nas eleições de 5 de julho próximo, disse que a rede da entidade, a maior da área industrial no Ocidente, com quase oito mil associados, é fonte de propostas e boas ideias para o fomento do setor e da economia.”Nossa política externa precisa ser um canal eficaz para a inserção global das empresas brasileiras, que têm qualidade e condições de fornecer bons produtos para todo o mundo. Esta é mais uma boa razão para que nossa política externa conte com a iniciativa privada na diplomacia econômica”.