No mês em que se comemora o Dia Mundial de Luta Contra a Aids, a taxa de transmissão vertical do HIV, que é a infecção passada da mãe para o bebê durante a gestação, o parto ou a amamentação, caiu para menos de 2% no Estado de São Paulo. Esse resultado é conquista do Centro de Referência e Treinamento DST/AIDS e do Programa Estadual de IST/Aids, que recebeu hoje (8) o selo de boas práticas e a certificação internacional para eliminação da transmissão do HIV e Sífilis, além de alcançar a categoria bronze para Sífilis Congênita.
A médica infectologista professora, dra Patrícia Rady Müller e a equipe de Pré- Natal que integra, do Centro de Referência e Treinamento DST/AIDS da unidade Santa Cruz, acabam de receber o Prêmio Jorge Beloqui de Relevância para a Resposta Paulista de DST/Aids pelo trabalho:”Homens Transexuais Gestantes atendidos em um ambulatório de Pré- Natal de um Centro de referência em IST/HIV Aids do Estado de São Paulo-Brasil ”, do Programa Estadual IST/AIDS :40 anos- Menos Discriminação, mais Respeito” realizado em 26 de outubro deste ano .

Dra Patricia Rady Müller
A infectologista trabalha desde 2015 , no CRT DST-AIDS SP e desde agosto do ano passado foi convidada para trabalhar ao lado da dra Ariane Coelho, ginecologista e obstetra, chefe fundadora da equipe de atendimento de Pré- Natal( CIS e Trans) de pessoas gestantes que vivem com HIV (PGVHIV) e a fazer parte desta equipe multidisciplinar de excelência.
“ Estou feliz por receber este reconhecimento, pois é de suma relevância haver equipes multidisciplinares nesta luta contra a transmissão do HIV , visto que ainda não tem cura . Temos que agir de todas as formas para a prevenção, tanto na transmissão por via sexual e sanguínea, como pela transmissão vertical . É um enorme desafio, pois para controlarmos a transmissão vertical, temos que dar um bom atendimento para a gestante que vive com o HIV, visto que a não transmissão do vírus, está diretamente ligada ao sucesso do tratamento; e para não haver consequências na formação do bebê, quanto mais cedo atingirmos o controle do vírus traduzindo-se pela “carga viral indetectável, melhor.“ afirmou.
“O vírus tem que estar numa quantidade controlada no sangue da mãe (carga viral indetectável) para que não haja a transmissão para o bebê. Isto é um desafio, porque muitas vezes as gestantes ao chegarem aqui, não estão com o vírus controlado . Daí a importância de um atendimento top multidisciplinar , Na nossa equipe temos infectologista, obstetra, infecto- pediatra, psicólogo, enfermeiro, assistente social, auxiliar de enfermagem, e só assim conseguimos este sucesso da transmissão vertical.Na nossa equipe, desde 1998 a transmissão vertical já é zero. Importante também, é que estas gestantes também apresentam outras doenças sexualmente transmissíveis, como a sífilis , que tem sido um desafio para nós , pois tem aumentado muito, e ás vezes nossa paciente gestante nem sintoma apresenta .Detectamos através dos exames e acompanhamentos , e tratamos, pois pode inclusive, causar a má formação do feto na gestação. Me sinto realmente honrada de fazer parte deste prêmio, pois a principal condição que precisa ter de não transmissão do HIV, é a carga viral indetectável no momento do parto. Para o sucesso precisamos que a gestante tenha adesão ao tratamento , confiança na equipe , só assim conseguiremos a ajudar ainda mais na redução do vírus, pois ainda é um desafio. Nosso ambulatório é um exemplo para todo o Brasil seguir” concluiu.
Para Regiane Cardoso de Paula, “A transmissão vertical de infecções sexualmente transmissíveis representa um grande desafio para a saúde pública, especialmente quando não tratadas oportunamente durante a gestação. O Estado de São Paulo, por meio do Centro de Referência e Treinamento de DST/Aids, tem demonstrado um compromisso incansável em alcançar padrões internacionais e eliminar essas ameaças à saúde,” afirmou a coordenadora da Coordenadoria de Controle de Doenças da Secretaria de Estado da Saúde