As células-tronco, também chamadas de células-mãe, são capazes de se transformar e gerar células idênticas dos mais diferentes tipos de tecidos e partes do corpo. No tecido adiposo, onde ficam as células de gordura, as células-tronco são únicas, com uma enorme capacidade de multiplicação, e podem ser isoladas por meio de lipoaspiração ou abdominoplastia. As chamadas células-tronco mesenquimais, derivadas do tecido adiposo, se mostram eficazes como fonte de terapia celular para diferentes tipos de tratamentos.
Na dermatologia, elas vêm sendo utilizadas para cicatrização de feridas, tratamento de queimados, tratamento de epidermólise bolhosa (doença genética grave), além de protocolos em cirurgias de enxerto de pele e preenchimento cutâneo. Há também alguns trabalhos utilizando a célula-tronco para tratar a calvície.
Num encontro realizado este mês na Universidade de Mogi das Cruzes, a doutora Denise Steiner, coordenadora do Serviço Credenciado de Dermatologia da Universidade, apresentou um protocolo para estímulo da produção de colágeno criado a partir de Fração Estromal Vascular (FVE), que é uma fração descartável da lipoaspiração e possui uma grande quantidade de células-tronco mesenquimais.
Para o estudo foram selecionadas 10 pacientes de 30 a 48 anos, sem doenças graves, sem reposição ou tratamentos hormonais. Cinco mulheres foram submetidas a lipoaspiração para retirada do tecido gorduroso. Houve então o preparo específico para isolar a Fração Estromal Vascular que foi aplicado no sulco nasogeniano. Outras cinco mulheres foram tratadas com um preenchedor convencional sintético que estimula o colágeno nas mesmas regiões do rosto.
Na região retroauricular foi colhido material de biópsia, aplicado o material de cada grupo e 3 meses a pós foi realizada nova biopsia para comparar os resultados. “Nós tivemos uma resposta de aumento de colágeno similar entre o uso da fração estromal e o preenchedor convencional indicando que o uso das células de gordura pode ser sim ser uma opção para o tratamento de envelhecimento cutâneo. A possibilidade de usarmos nossas próprias células para estímulo do colágeno é alentadora. Estudo isolando a células tronco e provocando a especialização da mesma ocorrem no mundo todo. Nossas pacientes ainda apresentam resultados positivos, cerca de 3 anos após a aplicação, demonstrando que a técnica pode controlar o avanço da flacidez e do envelhecimento cutâneo.” disse