Não foi desta vez que as exportações de calçados iniciaram a tão esperada recuperação. Mesmo com o dólar alto, mas ainda instável, os calçadistas amargaram um primeiro mês do ano negativo. Depois de duas altas consecutivas no final do ano passado, em novembro e dezembro, as exportações voltaram a cair em janeiro de 2016. No primeiro mês do ano foram embarcados para o exterior 11,44 milhões de pares de calçados por US$ 69,33 milhões, queda de 4,1% em valores e incremento de 4,5% em volume na relação com o mês um de 2015 (10,95 milhões por US$ 72,27 milhões). A explicação é a queda no preço médio do produto embarcado, que caiu de US$ 6,60 para R$ 6,06 (-8,2%).
Heitor Klein, presidente-executivo da Associação Brasileira das Indústrias de Calçados (Abicalçados), destaca que fatores como a alta dos custos de produção, especialmente embalados pelos aumentos da energia elétrica e do combustível, interferiram negativamente na competitividade do produto brasileiro no exterior. “Embora o câmbio esteja favorável, o Custo Brasil segue aumentando em ritmo acelerado”, disse. Em dezembro, último dado disponível, o IBGE aponta um aumento da inflação para o produtor da ordem de 11%, ritmo que deve seguir em 2016. Outro fator que pode ter influenciado na queda das exportações de janeiro é a instabilidade cambial. “A oscilação cambial acaba tumultuando as negociações com o importador”, comenta. Embora o dado de janeiro não tenha sido positivo, o executivo ressalta que a projeção segue sendo de recuperação ao longo de 2016.
No primeiro mês de 2016 o principal destino seguiu sendo os Estados Unidos, para onde foram embarcados 1,27 milhão de pares por US$ 15,26 milhões, uma alta de 26,2% em dólares e de 5,6% em pares na relação com igual período do ano passado. “O mercado estadunidense, já nos últimos meses de 2015 dava sinais de recuperação. O ritmo em 2016, o que é uma ótima notícia para os exportadores de calçados”, comemora Klein, ressaltando que o principal mercado para o calçado brasileiro além-fronteiras responde por 20% das exportações do produto. Ultrapassando a Argentina, o segundo destino foi a França. No mês um, os franceses consumiram 2,5 milhões de pares verde-amarelos por US$ 9,67 milhões, aumento de 25,8% em receita e 27% em volume na relação com 2015. O terceiro destino foi a Argentina, para onde foram embarcados 206,83 mil pares por US$ 2,6 milhões, incrementos de 12,8% em dólares e 47,6% em pares no comparativo com o ano passado.
No ranking de exportadores, a novidade foi a Paraíba, que ultrapassou São Paulo e ocupou o terceiro posto em janeiro. No mês passado, o Rio Grande do Sul exportou 1,56 milhão de pares por US$ 27 milhões, aumentos de 5,5% em dólares e 38,4% em pares em relação a 2015. O Ceará foi o segundo destino, embarcando 5 milhões de pares por US$ 24,38 milhões, queda de 3,5% em receita gerada e incremento de 0,6% em número de pares na relação com o mesmo período do ano passado. O terceiro destino foi a Paraíba, de onde partiram 3,1 milhões de pares por US$ 6,4 milhões, queda de 20% em dólares e incremento de 3,2% em volume no comparativo com 2015. São Paulo, que terminou o ano passado como terceiro maior exportador, trocou de posição com a Paraíba. Os paulistas comercializaram 693,1 mil pares que geraram US$ 5,66 milhões, incrementos de 1,4% em dólares e 94,6% em volume na relação com 2015.