A paranaense Fernanda Brasileiro,  consolidada no Oeste do Paraná e Sul de Minas começa a ganhar espaço Brasil afora, com moda descomplicada que flerta com personalidades do antigo jet-set! O ano era 2017. Ninguém sequer desconfiava de que, algum tempo depois, viria uma pandemia que varreria o mundo e seria o estopim para a moda confortável fruto do confinamento. Lojista que fazia sucesso sugerindo looks para as próprias clientes e filha de uma dona de multimarcas de Cornélio Procópio (PR), Fernanda Brasileiro lançava em Umuarama (PR) a primeira coleção da Fée Collection, marca de comfywear com linha de pijamas, sua paixão.

Desde muito jovem, a diretora de estilo se encantava com esse tipo de produto. Cresceu conferindo nas revistas da mãe aqueles deslumbrantes palazzo pijamas – macacões longos ou duas peças que podiam ser usados tanto para dormir quanto para compor as montações para o dia a dia, envergados por famosas dos anos 1960/70, tipo Marisa Berenson, Florinda Bolkan, Elizabeth Taylor, Tina Aumont, Barbara Bouchet, Catherine Spaak e Marisa Mell –, um desdobramento em versão outwear dos pijamas criados em 1920 por Gabrielle Coco Chanel, e inspirado nas roupas de rua indianas que faziam sucesso em tempos de desbunde.

“Sempre sonhei, desde muito nova, em ter uma linha de pijamas tanto para sair quanto para ficar bem-vestida, em casa ou fora, um verdadeiro dois em um. Adoro sua versatilidade e acho muito chique”, conta a moça, que rapidamente se tornou uma referência regional nesse segmento e agora começa a crescer pelo Brasil.

A ideia vingou. Fernanda começou pequena, com sete modelos, vendendo para amigas uma grade de apenas 100 peças, que voou. Daí, o crescimento foi um pulo, impulsionado pouco depois pelo isolamento social dos dias de covid: da loja da mãe, a Fée (que significa “fada” em francês, semiótica que faz o bater serelepe das asas dessas figuras mitológicas dialogar com o que a estilista chama de “uma moda soltinha”) começou a preencher as araras de multimarcas do Paraná, Sul de Minas e interior de São Paulo, com a criadora se tornando uma autoridade local no assunto, mesmo depois do fim da pandemia. “Acredito que não se trata de moda, mas life-style atemporal perfeito para nossa vida estressante. Tenho como inspiração Francesca Ruffini, a esposa do CEO da Moncler, Remo Ruffini, que transpôs seus looks pessoais de sleepwear para a charmosa e bem-sucedida marca F.R.S. For Restless Sleepers, com pijamas prontos para ocupar a vida social”, revela Fernanda.

De lá para cá, a Fée Collection se expandiu. São várias linhas de produto, sempre tendo como vetor o conceito de roupa caprichada, mas confortável e deliciosa de usar, sem amarrar o movimento natural do corpo, e que serve para vestir na intimidade ou na rua, com alguns itens que podem até funcionar em um badalo noturno, dependendo da produção: da malharia, que inclui o fluit bem sedoso, a tule estampada e o veludo molhado, a grife partiu para o tecido plano na camisaria 100% puro algodão e na alfaiataria em linho puro ou misto 90%. E, nesta coleção de inverno, Fernanda acaba de introduzir a sarja de gramatura média, muito suave e de toque macio em peças utilitárias cheias de bossa, com um quê militar, mas sempre em pegada comfy.

Na nova coleção, “Liberty”, cujo nome celebra tanto a liberdade de vestir com conforto quanto a atração de Fernanda Brasileiro pela clássica loja londrina na qual se baseou para criar padronagens gráficas que lembram papeis de parede setentistas, comparecem também lado a lado itens de modelagem ampla, como pulôveres e chemisiers, e peças minimalistas em levada noventinha, como os vestidos sequinhos que podem ser usados ou não com pelerines em tricô na mesma cor.

Nos acabamentos, a Fée Collection prima por detalhes que fazem a diferença: pespontos contrastantes, bordadinhos pontuais em lugares estratégicos das mangas ou maiores nos ombros, aplicações handmade, entremeios, bainhas viradas com tecidos contrastantes, botões sustentáveis confeccionados em papel reciclado e ureia, punhos largos ou duplos e dobraduras inesperadas nas camisas, além de palas e lapelas com shapes inusitados que tiram a moda confortável do território óbvio do básico, impregnando-a de individualidade, mas com apelo durável.

Aliás, por mais tendências que a coleção tangencie, Fernanda se esmera em criar roupa que seja permanente no guarda-roupa, bom investimento avesso à modinha “core” do look instagramável frívolo, epidérmico e descartável. “Nesse aspecto, aposto em uma moda sem arroubos sazonais que flerta com a durabilidade quiet luxury”, finaliza a designer. “Tenho visto uma nova cepa de celebridades, como Selena Gomez, Sarah Jessica Parker e Hailey Bieber lá fora, e Anttónia, Gloria Pires e Narcisa Tamborindeguy por aqui, embarcando nessa onda. Creio que essa verve é resultado de um esgotamento físico e mental, em meio ao excesso de estímulos que demanda um estilo relax”, completa.