As fortes chuvas que vêm assolando principalmente as regiões Sudeste e Sul do País representam perigo e exigem atenção redobrada dos motoristas. Entre os principais fatores de risco que envolve a condução em um cenário chuvoso estão a baixa aderência e visibilidade e os alagamentos. Dentro desse contexto, João Filho, Chefe de engenharia da Ford América do Sul, apresenta algumas dicas para dirigir em situações adversas com mais segurança.
Baixa aderência
O asfalto molhado reduz o atrito entre os pneus e o solo, reduzindo a capacidade do veículo de frear, acelerar, fazer curvas e realizar manobras de emergência. “Por conta disso, o motorista deve se preparar para antecipar seus movimentos, redobrando a atenção”, afirma Filho. “Além disso, a combinação de fatores como a condição da pista, o estado dos pneus e a velocidade do carro pode facilitar a aquaplanagem, quando os pneus perdem completamente o contato com o solo”, complementa.
As dicas abaixo podem minimizar bastante o risco de acidentes ao trafegar com pista molhada:
- Mantenha os pneus em boas condições e jamais trafegue com pneus carecas. Pneus desgastados possuem capacidade limitada de remover água da pista, favorecendo a aquaplanagem. O limite de desgaste indicado nos pneus deve sempre ser respeitado, sendo também importante verificar constantemente a calibragem;
- Reduza a velocidade em pistas molhadas. Quando começa a chover, a água e a fuligem seca do asfalto criam uma mistura muito escorregadia. Conforme a chuva aumenta, essa mistura é dissolvida, porém o atrito do pneu com o solo continua baixo por conta do asfalto encharcado. Nessas condições, trafegar em velocidades baixas proporciona maior controle do veículo e maior tempo de reação em casos de imprevistos, além de reduzir o risco de aquaplanagens. O ideal é diminuir a velocidade em 20% com relação à velocidade desenvolvida em pista seca. Ou seja, se o limite de velocidade estabelecido for de 100km/h, procure limitar a velocidade em torno de 80km/h. Em situações de chuva forte e baixa visibilidade, a velocidade deve ser reduzida ainda mais;
- Aumente a distância do veículo da frente. Com pista seca, a recomendação é respeitar um intervalo de dois segundos para o carro que estiver à frente. Com chuva, esse intervalo deve ser de quatro segundos. Para calcular esse intervalo, basta marcar um ponto de referência na pista e contar o tempo entre a passagem da traseira do carro da frente e a passagem da dianteira do carro que vem atrás;
- Evite manobras e frenagens abruptas. Com a pista molhada, as reações do veículo são limitadas. Por isso, deve-se dirigir com suavidade nessa circunstância. Movimentos rápidos e freadas bruscas podem levar a perda de controle do carro. Para reduzir a velocidade em descidas e antes de curvas, é recomendado utilizar o auxílio do freio motor, ou seja, reduzir marchas. Frenagens abruptas devem ser feitas apenas em emergências, principalmente em veículos sem ABS e em situações de tráfego intenso;
- Mantenha a calma em caso de aquaplanagem. Nessa situação, o procedimento correto é tirar o pé do acelerador e segurar firme o volante até que o contato com o solo seja retomado. Frenagens e movimentos bruscos no volante durante a aquaplanagem podem desestabilizar o veículo.
Baixa visibilidade
As nuvens carregadas de chuva reduzem a luminosidade externa e a água da chuva altera as condições de visibilidade ao cair no para-brisa e no piso. As recomendações abaixo podem ser úteis para reduzir riscos nessas condições:
- Mantenha as palhetas do limpador de para-brisa em bom estado. Palhetas desgastadas não removem a água da chuva adequadamente e podem causar danos ao para-brisa, como marcas e riscos. Além disso, é importante conservar o para-brisa limpo e sempre verificar o nível de água do limpador;
- Acenda os faróis quando chover, mesmo durante o dia. Dessa forma, o carro fica mais visível para pedestres e outros motoristas. Porém, o farol alto não é aconselhado, pois sua luz pode ser refletida na chuva, causando ofuscamento, principalmente se também houver neblina. Nessas situações, o farol baixo é recomendado;
- Evite o embaçamento dos vidros. O ar-condicionado e o desembaçador traseiro devem ser acionados sempre que necessário. Quando esses equipamentos não estiverem disponíveis, o ventilador deve ser ligado na direção do para-brisa e as janelas devem ficar com uma pequena abertura.
Alagamentos
Transpor trechos alagados é uma ação arriscada e que pode trazer sérias consequências, não somente pela profundidade e correnteza da água, mas também pela eventual presença de obstáculos submersos como bueiros abertos, pedras e troncos. “O ideal é evitar rotas alagadas ou que historicamente apresentam problemas de enchente. Durante ou após chuvas fortes, busque informações na internet ou pelo rádio para traçar seu caminho de forma a evitar alagamentos”, alerta Filho. “Se você decidir que a passagem pelo trecho alagado é inevitável, tenha consciência que está assumindo um risco muito sério ao veículo e à sua integridade física”. As dicas abaixo podem tornar a transposição de um trecho alagado menos perigosa:
- Jamais tente atravessar trechos com correnteza. O veículo pode ser arrastado pela força da água;
- Avalie a profundidade da água. Em veículos de passeio, evite passar por trechos onde o nível da água esteja acima do centro da roda;
- Utilize a primeira marcha para atravessar trechos alagados. Dessa forma, o carro terá mais força de tração para transpor a resistência da água e eventuais obstáculos que estejam submersos;
- Dirija em velocidade baixa e constante, evitando acelerar e frear durante a travessia. A baixa velocidade evita a formação de ondas na frente do automóvel, minimizando a chance de ocorrer o “calço hidráulico”, quando o motor para de funcionar devido à entrada de água pelo filtro de ar;
- Evite passar por trechos alagados onde outros veículos estejam trafegando. O carro da frente pode ter problemas e parar subitamente, fazendo com que os automóveis subsequentes fiquem presos no fluxo. Um veículo por vez deve transpor o trecho alagado.