As mulheres estão cada vez mais presentes no mercado de trabalho. Dados do Ministério do Trabalho e Emprego mostram que, em 20 anos, a participação das mulheres cresceu 17%: de 37,4% dos postos de trabalho em 1995 para 43,7% em 2015. Atualmente, elas ocupam posições que, até pouco tempo atrás, eram consideradas eminentemente masculinas.

 

 Luís Cláudio Casanova e equipe

Luís Cláudio Casanova e equipe

 Luís Cláudio Casanova, gerente jurídico e diretor regional de Compliance da Ford América do Sul disse que a  empresa automobilística  valoriza a diversidade e procura criar um ambiente de inclusão e oportunidades para todos os colaboradores, independentemente de gênero, raça, religião e origem.”O mundo jurídico está bastante feminino, mas antes não era assim. A primeira mulher a integrar o Supremo Tribunal Federal, por exemplo, foi Ellen Gracie, que foi indicada pelo presidente Fernando Henrique Cardoso em 2000. Quando ela chegou ao STF não havia nem banheiro feminino lá”, observa.Casanova

Sobre sua experiência de ter sido liderado por várias mulheres, ele comenta que elas são mais acolhedoras, sem deixarem de ser profissionais. “A mulher é mais humana e trata seus funcionários com mais carinho”. O executivo discorda totalmente de quem diz que elas não são objetivas. “Minhas chefes sempre foram muito objetivas e muito fáceis de lidar”, ressalta.

Atualmente, enquanto convive em casa com filhos trigêmeos de 8 anos de idade, todos meninos, no trabalho Casanova tem 15 pessoas em sua equipe na Ford, das quais 12 são mulheres. “O fato de serem multitarefas é um grande diferencial para a nossa área, já que elas lidam muito bem com o grande volume de trabalho. Isso ajuda para que tenham ótima produtividade, com mais capacidade de entregar trabalhos de qualidade que os homens.”

Leandro Silva, Marcelo Segantini e Carlos Alpendre atuam na área de pintura da Ford e, desde o início de 2014, são liderados por uma mulher, Stella Tomitsuka, a gerente da área. Ter uma mulher como chefe neste setor não era algo comum há alguns anos.  Carlos Alpendre é superintendente de produção, tem 33 anos de empresa – 30 deles na pintura – e conta que teve sete chefes homens antes da chegada de Stella ao cargo. Ele, que é engenheiro químico, conta que se surpreendeu com o conhecimento que ela tinha da área ao chegar ao cargo. “Meus outros chefes não eram engenheiros químicos, em geral eram engenheiros mecânicos, e não dominavam profundamente o setor de pintura. Stella, que também é engenheira química, já chegou com um conhecimento tácito muito grande e sua experiência ajudou a melhorar bastante a qualidade do trabalho”, afirma.

O analista de processos Leandro Silva complementa  “Ela chegou como gerente no momento em que estávamos fazendo um upgrade de tecnologia. Veio com foco e um olhar diferente para dar um norte para a equipe e colocar tudo no lugar certo, na hora certa”, ressalta.

Além de conhecimento e de se ater aos detalhes, Marcelo Segantini, encarregado das cabines de pintura, destaca o lado humano da gerente. “Ela motiva a equipe, tem o cuidado de cumprimentar todo mundo no chão de fábrica, o que não acontecia com  os chefes homens. Ela fica preocupada quando algum funcionário tem algum problema. Tudo isso sem deixar de ser rígida, exigente e manter o compromisso com os valores da empresa.”

 

Vistas como espaços exclusivamente masculinos, as pistas de testes também contam com o toque feminino. No Campo de Provas de Tatuí da Ford, as mulheres estão presentes há mais de 15 anos. Elas trabalham como pilotos de testes de automóveis, caminhões e dirigem até carretas.

Francisco Trindade Garcia, encarregado de durabilidade e coordenador de rodagem, conta que não há nenhuma diferença entre homens e mulheres. Eles contam com três turnos de oito horas de duração cada e chegam a rodar com os veículos por cerca de seis horas diariamente, com intervalos para refeições e café.

Ao chegarem ao Campo de Provas, cada um pega o carro ou caminhão determinado para aquele dia de trabalho com uma rota predefinida. Enquanto dirigem os veículos, eles avaliam itens específicos, como motor, consumo de combustível e parte estrutural.

“Se compararmos o trabalho dos homens com o das mulheres, o nível de detalhamento delas é maior. Isso é muito bom na hora de fazer os relatórios, já que elas ficam mais atentas a qualquer alteração apresentada pelo veículo. Normalmente, a letra é mais legível e, além disso, elas sempre têm um sorriso no rosto”, comenta Ernesto Ruvolo, supervisor da área de durabilidade e protótipos.