Com o tema Homo Faber – temporada 2024_II,  o Inspiramais  contou com extensa programação de conteúdos de moda, reunindo mais de 150 expositores de insumos e materiais  que receberam, cerca de 7 mil pessoas do Brasil e do exterior, no  Centro de Eventos da FIERGS, em Porto Alegre/RG.

Walter Rodrigues com o estilista João Maraschin,foto Tânia Müller

Esta  28ªedição contou com a presença do estilista brasileiro João Maraschin , radicado na Inglaterra, convidado por Walter Rodrigues, coordenador do Núcleo de Design e Pesquisa da Associação Brasileira das Empresas de Componentes para Couro, Calçados e Artefatos (Assintecal),  para uma exposição e palestra de Processos Criativos e Originais da grife homônima.

Foto Tânia Müller

Professor de Design na University of Arts London, em Londres/Inglaterra, Maraschin é natural de Caxias do Sul, e trabalhou como assistente durante dois anos, do mineiro Ronaldo Fraga Graduado em moda pela UCS, pós-graduado e mestre em direção criativa pela London College of Fashion, trabalhou com  JW Anderson, Wales Bonner, Alexander McQueen e  Gucci ,trazendo os processos sustentáveis nas suas criações “Participar do INSPIRAMAIS é uma experiência  enriquecedora,  pois permite que  criadores como eu,  mostrem suas expressões criativas e perspectivas de mundo, para um público amplamente interessado  em materiais, ,sustentabilidade , inovação e criatividade.  É uma honra apresentar meu trabalho em casa  e sou grato pela oportunidade de ser parte dessa incrível exposição.   Espero possa que eu possa  inspirar e despertar emoções naqueles que o contemplarem. “disse João

Para Walter, a habilidade manual foi desvinculada da técnica, a gente não pensa mais, não se inspira mais , a gente só replica. Deveríamos ter esta habilidade, de se inspirar, de se apaixonar, de  criar, e  a partir daí, e com este pensamento , criamos esta ideia deste Homo Faber, deste homem que faz, trazendo a conexão do manual com a inteligência artificial, e  João representa este homem “.afirmou

Segundo João “Esta exposição traz manifestações do meu trabalho trazendo o DNA da minha  marca, que é presente nos trabalhos manuais, com estrutura simples. Trata-se de um exercício pragmático, onde mostro  a força da modelagem e  onde aparecem as matérias. O Brasil é minha casa e me influencia com grande riqueza, com texturas  e técnicas manuais. Quando comecei tinha 4 pessoas trabalhando comigo, e em 4 anos são 64. Resolvi crescer devagar , com mais valor agregado . Você é o processo do que você pesquisa, é o centro de tudo, e como me relaciono com quem trabalho. Somos aquilo que deixamos entrar no nosso universo. E a partir da minha marca própria, sempre equilibrei tecnologia e artesanato, focando no social e voltado para o desenvolvimento colaborativo” disse

beLEAF  foto Tânia Müller

Ele faz as suas coleções partir de colaborações de  bordadeiras de um hub criativo em Itapira, trazendo a técnica manual de forma mais moderna para o mercado de luxo.  Entre seus experimentos está a utilização do  biotecido denominado de beLEAF desenvolvido pela  Nova Kaeru, criado a partir da planta Orelha de Elefante.

Suas peças em tricô manual com fio de seda primitivo , são feitas utilizados fios feitos de casulos de  seda descartados do O Casulo Feliz, de Maringá, no Paraná”O fio primitivo  é  muito irregular e bem rústico, não finalizado. O material é todo tingido organicamente com vegetais e frutas,reciclando o lixo de uma indústria que iria para o aterro. Do lixo ao luxo “   e completou “No meu produto sempre encontro uma história, tenho uma visão de futuro,  onde todos que trabalham tem que aparecer. Não só eu. Onde o feito a mão traz a memória do artesão.” afirmou

Na pandemia o estilista fez exercício experimental, de roupas que não foram comercializadas , com um olhar sustentável como economia circular. Sustentabilidade para ele não é negociável , e segundo Walter Rodrigues  “lixo é um erro de design”

A novidade é  que em novembro,  poderemos comprar  sua peças de luxo no Brasil. Elas estão disponíveis na Pinga Store, na rua da Consolação   3378, em São Paulo, a multimarcas de grifes autorais fundada por Catharina Tamborindeguy  Johannpeter e Gabriella Paschal.

 

Na exposição peças  que fazem parte da coleção desenvolvida com a marca de Alexandre McQueen, lançada em setembro de 2021 . Blusa de Macramê manual  e calça Biosis em bordado manual.

foto Tânia Müller

As partes rígidas na blusa de macramê representam os territórios e as tiras de malha das pontes-parte da filosofia da marca. A calça bordada  a mão concentra seis elementos da natureza como fonte de inspiração e as linhas como franjas oferecem  a ideia de continuidade, um convite ao outro para continuar bordando. A peça bordada  ganha assinatura de todos os artesãos eu fazem parte do desenvolvimento como forma de ampliar a voz de todos os envolvidos  no processo criativo.  Comunidade e Artesania-criar produtos de alto padrão enraizados na cultura material de um lugar como fator fundamental no desenvolvimento sustentável, é incorporar, ampliar  a voz de todos os colaboradores ,costureiras,artesãos ,designers ,usuários,empresas  por meio da cocriação e colaboratividade, gerando impacto positivo de forma coletiva  semeando interações mais  responsáveis.

foto Tânia Müller

Vestido de pneu em tricô manual -Peça criada em tricô a partir de 30 pneus pneus, recuperados e cortados em tiras  da espessura de fio

foto Tânia Müller

Vestido em crochê manual , com fio produzido a partir de sacola reciclada e fios de algodão

foto Tânia Müller

Blusa de tricô manual de 100% seda tingida a mão com cascas de cebola, castanhas e café

foto Tânia Müller

Camisa estrutural em crochê manual,peça experimental criada como escultura para preservação da técnica e recontextualização do material em destaque

foto Tânia Müller

Vestido Pôr-do Sol em crochê manual , onde as transições de cores constituídas com redes de pesca reclicadas e linhas de costura traduzem as cores do pôr-do-sol,peça criada  em colaboração com uma comunidade de artesão  de Belo Horizonte.