No próximo dia 14, dia de Combate à Poluição, às 10h, a Associação Paulista de Medicina (APM) apresentará para a mídia especializada, o Manifesto Público Ar Limpo Salva Vidas, além de estudo sobre índices de poluição em São Paulo e as consequências à saúde humana.
O posicionamento dos profissionais médicos ocorre em virtude da necessidade premente de defesa e salvaguarda da população frente aos agravos na saúde e mortes precoces provocados pelo grave quadro de poluição do ar nas cidades de São Paulo.
O prédio da APM amanhecerá envelopado por uma bandeira de luto de 22m de altura por 15,5m de largura, em memória às 11 mil pessoas que morrem no estado, ao ano, por problemas de saúde agravados pela alta quantidade de poluentes na atmosfera.
Médicos e cidadãos farão um ato público na esquina da Avenida Brigadeiro Luís Antônio com o Viaduto Dona Paulina. Atores especialmente convidados promoverão uma performance, trajados de preto e usando máscaras de oxigênio, enquanto distribuem à população materiais informativos sobre a poluição e dicas de como colaborar para reverter o preocupante quadro.
Segundo o dr. Paulo Hilário Nascimento Saldiva, professor da Faculdade de Medicina da USP e chefe do Laboratório de Poluição Atmosférica da FMUSP, duas horas no trânsito para o morador da cidade de São Paulo equivalem a fumar um cigarro por dia. “Significa que inalamos veneno recorrentemente: todos nós. Se já é estarrecedor para os cidadãos, de forma geral, vira algo crítico em caso de grupos como gestantes, bebês e portadores de problemas pulmonares, que nesse fumar involuntário podem sofrer graves problemas de saúde. A poluição hoje, sob o ponto de vista médico, tem evidências para infarto do miocárdio, câncer de pulmão e prematuridade. No mundo, anualmente, estima-se que mais de 800 mil partos sejam prematuros pela exposição das mães a poluentes atmosféricos”.
O Manifesto Público Ar Limpo Salva Vidas traz dados surpreendentes, em especial quando trata da medição de poluentes no estado. Diz um trecho do documento: “Ao se considerar o critério de emergência adotado para França, para o estado de São Paulo, haveria 480 dias de alertas de emergência no estado, contra Zero dias de alerta pela CETESB. O nível crítico de emergência adotado por Paris, Londres e EUA, por exemplo, é menor que os padrões de qualidade do ar determinados pelo estado de São Paulo e Conselho Nacional do Meio Ambiente. E o nível crítico de emergência paulista e nacional é tão alto que não é alcançado”.
“Nossa intenção é contribuir com as políticas públicas de redução da poluição. Os médicos querem participar cada vez de forma mais intensa desse debate, disponibilizando conhecimento técnico-científico e colaborando ativamente para a melhoria da qualidade do ar nas cidades brasileiras. Nós, que lidamos com a saúde humana, temos a obrigação de trazer à luz a real dimensão do problema e trabalhar de maneira propositiva para, em parceria com as autoridades e gestores da área, criar condições adequadas à qualidade de vida”, explica a dra. Evangelina Vormittag, diretora de Responsabilidade Social e Ambiental da Associação Paulista de Medicina e diretora técnica do Instituto Saúde e Sustentabilidade.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) publicou, em 2015, que houve a perda precoce de cerca 8 milhões de vidas no planeta de alguma forma relacionadas à poluição do ar em 2012: 3,7 milhões devido à poluição externa e 4,3 milhões devido à poluição intradomiciliar. Isso significa que uma em cada oito mortes está vinculada à exposição ao ar contaminado. Dessa forma, essa questão se torna a principal causa de óbito por complicações cardiorrespiratórias associadas ao meio ambiente.