A Natura espera empregar em um ano cerca de 7 toneladas de plástico reciclado nas embalagens da linha de fragrâncias Kaiak Oceano, evitando que alcancem o destino mais comum: os mares. O montante equivale a 3,4 milhões de tampas de garrafas de água que, juntas, formariam uma distância capaz de cruzar o Brasil de Norte a Sul.
No ano passado, o grupo Natura &Co, que engloba as marcas Natura, Avon, The Body Shop e Aesop, lançou o Compromisso com a Vida, assumindo metas ainda mais ambiciosas a serem cumpridas até 2030. No pilar de circularidade e regeneração, o objetivo é reduzir, no mínimo, 20% do material das embalagens, utilizar 50% de plástico reciclado nas embalagens e garantir 100% de materiais reutilizáveis, recicláveis e compostáveis
Segundo dados da revista Science, a cada ano, 8 milhões de toneladas de plástico, um dos maiores poluentes da atualidade, chegam aos oceanos. Dados da Fundação Ellen MacArthur projetam que, até 2050, teremos mais plástico do que peixes no mar. Ao se inspirar no universo aquático e marinho desde 1996, Kaiak, marca da Casa de Perfumaria do Brasil, faz um convite ao chamado do oceano, propondo um olhar mais consciente sobre o lixo gerado no meio ambiente e o impacto que tem sobre águas. Lançadas, respectivamente, em setembro de 2020 e em janeiro de 2021, as fragrâncias, em versão masculina e feminina, seguem os preceitos de circularidade e possuem até 50% de plástico reciclado na composição de suas tampas. Desse total, cerca de 8% advém da costa brasileira.
Segundo Fernanda Rol, diretora de Marketing Brasil da Natura,”A sustentabilidade está no centro da estratégia da Natura. Acreditamos que um produto ou serviço só é inovador se gerar impacto positivo para as pessoas e para o planeta. Por isso, buscamos continuamente soluções que contemplem as questões socioambientais. Nesse sentido, as embalagens são um tema central para a organização – entendemos que é nosso papel, como empresa de bens de consumo, garantir a sustentabilidade no processo de produção de nossas embalagens, de ponta a ponta. Com o lançamento de Kaiak Oceano, damos continuidade às ações de circularidade, que dão vida a uma das nossas principais causas, Mais Beleza, Menos Lixo, ao reaproveitar o plástico e o vidro que seriam descartados para oferecer o máximo, usando o mínimo e reduzindo os excessos”, diz
Antes do lançamento de Kaiak Oceano, a Natura já havia trabalhado esse insumo em outros produtos, como o lançamento do desodorante corporal Deo Spray Corporal Humor, por exemplo, cujas tampas foram produzidas a partir de 2,5 milhões de copos plásticos descartados durante os sete dias do festival Rock in Rio, em 2019. No entanto, os desafios para o lançamento das fragrâncias de Kaiak Oceano eram ainda maiores: a tampa é uma peça complexa, composta por diversas partes distintas, e a cadeia de resina PP ainda é incipiente no Brasil em comparação com outras já estruturadas, como as de alumínio e PET. A solução foi apostar na capacitação de cooperativas parceiras de reciclagem e na obtenção do restante do material por meio de aterros sanitários.
A Natura também promoveu a limpeza de uma área de cerca de cinco quilômetros na estação ecológica Juréia-Itatins, no litoral Sul de São Paulo, em parceria com o Instituto Ecosurf. Os dois dias de coleta na unidade de conservação resultaram na retirada de mais de 300 sacos contendo 100 litros de resíduos. Todo o material coletado ganhou a destinação adequada: os recicláveis foram enviados para recicladores e os não-recicláveis foram encaminhados para aterros sanitários. A operação demandou dez dias de preparação e cerca de 30 pessoas envolvidas.
Outra decisão pioneira no lançamento de Kaiak Oceano foi eliminar um emblemático item da perfumaria: o celofane envolto nas embalagens. Embora seja usado por apenas alguns minutos, o famoso filme plástico – assim como qualquer outro plástico de uso único, como sacolinhas, garrafas PET, copos e canudos – pode levar centenas de anos para se decompor. Alinhada aos preceitos de economia circular, a Natura decidiu eliminá-lo da embalagem das duas versões de Kaiak Oceano, passando a usar, no lugar, um cartão mais resistente nas caixas e a lacrá-las com cola. Para isso, investiu na aquisição de máquinas para aplicar pegamento nas abas superior e inferior das embalagens, que são utilizadas no lugar dos tradicionais equipamentos para aplicação do celofane após a etapa de encartuchamento (colocação do perfume no cartucho). A adaptação foi feita na fábrica da Natura em Cajamar (SP) e em outras três fábricas de produção da empresa na Argentina, México e Colômbia.
Mas além da embalagem, também era preciso mudar a maneira de pensar. “Executamos um intenso e abrangente trabalho de comunicação com mais de 2 milhões de Consultoras na América Latina, promovendo entre nossa rede de relações uma importante reflexão sobre sustentabilidade e ressignificação de códigos em prol de um futuro mais sustentável, tendo como eixo nossa causa Mais Beleza, Menos Lixo”, sinaliza Fernanda Rol, “além de provar que a inovação em rede é um poderoso instrumento para criar soluções que respondam aos desafios mais urgentes do mundo, como a poluição dos oceanos”.