No desfile da Santa Resistência , Mônica Sampaio mostra nesta 2ª coleção apresentada na SPFWN52, um resgate de todas as referências que há seis anos solidificaram o propósito de sua marca. Um trabalho de pesquisa que une a ancestralidade da mulher preta, a moda africana e a região do Recôncavo Baiano, onde nasceu, na cidade de São Félix. A coleção “Joias do Recôncavo” entra na passarela no dia 19 de novembro, às 15h, como parte do projeto Sankofa, que conta com empresas apoiadoras, como a do movimento Sou de Algodão, iniciativa da Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa) e a Sprint Têxtil. “Levaremos para a passarela a nossa arte representando as mulheres pretas da região. Elas que são as verdadeiras joias do recôncavo”, destaca a estilista que apresenta 17 looks divididos em três blocos:
Memórias de Oya
Mônica inicia sua história com a paisagem do recôncavo. Looks em cores fortes, contrastantes e estampas, como um degradê que reproduz o pôr-do-sol em São Félix e a flor do deserto contrastanto com o verde típico da região. Esta última é quem abre o desfile colo de fuxicos feito por artesãs de São Félix, uma técnica criada por mulheres pretas que ganhou popularidade em todo o país.
Mulheres do Recôncavo
Sua narrativa continua com o sol do recôncavo encontrando o céu da Bahia em uma cartela de composições inusitadas de azul royal e laranjas, além de imagens de São Félix e de Cachoeira nas estampas em shapes longilíneos nos vestidos e um toque de alfaiataria preta. Nos acessórios, biojoias da CerraD’Ouro, com técnica de embalsamamento de flores, folhas e sementes naturais recolhidos quando caem ao chão, com perfume das joias de crioula, uma das criações oriundas da Irmandade da Boa Morte.
Transmutação de Iansã
A trilogia é concluída partindo do brilho intenso do amarelo até o branco da fé das filhas de santo do recôncavo. A coleção evolui para o total white, com Iansã, a orixá que se transmuta em búfalo e borboletas, fechando o desfile com a energia da transformação
Os tecidos são mesclas de tecidos naturais de algodão e tecnológicos para estampas, malha 100% algodão e toque de seda, renda Guipire, alfaiataria em sarja com tecido 100% sustentável em polinesia laranja e forro em ágatha laranja (tecido sustentável) e laise de bico 100% algodão. Na cartela de cores ,o verde floresta, o azul royal, o laranja, o amarelo queimado e o branco. A nova coleção dá continuidade a uma pesquisa histórica de modelagens e matérias-primas que dão origem a looks fluidos, peças em alfaiataria e estampas marcantes em cores vibrantes. As modelos desfilam com biojoias da CerraD’ouro e sapatos da Design Floresta, ambas marcas nascidas e buscam inspiração e matéria-prima no cerrado
A cenografia terá objetos da artista Nádia Taquary, como esculturas e instalações que revelam uma investigação artística de uma poética relativa à história do Brasil, através de um olhar contemporâneo sobre a tradição, a herança africana, ancestralidade diante da opressão e da esperança de liberdade e o poder gerador feminino.
O desfile conta com o patrocínio da Lunelli, e da Prefeitura de São Félix (BA) e apoio das marcas EcoSimple, G.Vallone, Teray Têxtil, Tecidos Kite, Eco2Use.