A diarreia do viajante é a doença mais comum no período de férias, podendo atingir de 10% a 50% das pessoas dependendo do destino escolhido, segundo dados do CIVES (Centro de Informação em Saúde para Viajantes) , da UFRJ – Universidade Federal do Rio de Janeiro. Ou seja, quanto menor as condições de higiene do destino maior probabilidade de ser acometido pelo mal-estar.
A diarreia do viajante é na maioria dos casos uma infecção gastrointestinal causada pela ingestão de água ou alimentos contaminados por microrganismos patogênicos que podem ser vírus, bactérias ou parasitas. “O risco de contaminação está associado à práticas de higiene inadequadas ou a falta delas na manipulação, preparação de alimentos e no tratamento da água”, afirma Nanci Utida, Gerente Médica da Cellera Farma.
Os sintomas aparecem de forma súbita, geralmente durante a viagem ou logo após o retorno. Para ser considerada como diarreia do viajante, ou doenças diarreicas agudas, como é conhecida cientificamente, a pessoa tem de quatro a cinco evacuações de fezes amolecidas ou aquosas por dia. Outros sintomas comumente associados são cólicas abdominais, distensão abdominal, náuseas, vômitos e febre.
O início da diarreia do viajante geralmente ocorre na primeira semana de viagem. Mas pode acontecer a qualquer momento e mesmo após o retorno para casa, dependendo do período de incubação do agente infeccioso. “A diarreia bacteriana geralmente começa de forma abrupta, mas o Cryptosporidium pode incubar por sete dias e os protozoários como a Giardia por 14 dias ou mais, antes que os sintomas se desenvolvam”, afirma a médica.
A maioria dos casos de diarreia do viajante são leves e tem resolução espontânea em poucos dias, mas os casos graves ou prolongados podem resultar em perda significativa de fluido e desequilíbrio eletrolítico. A ingestão adequada de líquidos (terapia de reidratação oral) é de alta prioridade. Em casos graves ou prolongados, é aconselhável que se procure um médico.
Segundo a especialista, o fator de risco mais importante para diarreia do viajante é o destino da viagem (local com condições precárias de saneamento). Já as taxas de incidência são similares em homens e mulheres.
De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS) os destinos de maior risco para a diarreia do viajante são a Ásia, o Oriente Médio, a África e a América Latina. No entanto, este problema de saúde pode ocorrer mesmo nos países mais desenvolvidos, se as práticas de higiene forem menos adequadas na manipulação e na preparação dos alimentos.
Há muito se ouve falar do uso de probióticos na proteção da mucosa intestinal e no caso da diarreia do viajante, eles podem ser uma forma segura de prevenção e controle da doença.
Entre os probióticos, o mais estudado é o Lactobacillus rhamnosus GG (LGG®). Hilton et al. realizaram um estudo prospectivo duplo cego, placebo controlado, para verificar a eficácia do LGG® na prevenção da diarreia do viajante. O estudo demonstrou que o LGG® conferiu uma taxa de proteção (diminuição de risco) de 47%. A precaução se dá antes mesmo da viagem. No estudo de Hilton, os turistas foram instruídos a começar a tomar o LGG® dois dias antes da viagem e manter o consumo até a volta.
Portanto, o uso de probióticos é um grande aliado durante a próxima viagem. Dentre os eficazes para uma microbiota intestinal saudável e com respaldo científico destaca-se o Lactobacillus rhamnosus GG, ou LGG®. Sua composição é capaz de ajudar no tratamento e na prevenção de vários sintomas da diarreia tanto em adultos quanto em crianças. O LGG ajuda a repovoar o intestino com novas bactérias e micro-organismos saudáveis.
As recomendações para prevenir a diarreia do viajante incluem:
Lavar frequentemente as mãos ou higienizar com álcool em gel quando não for possível lavá-las.
Evitar o consumo de alimentos e bebidas em locais de higiene questionáveis. A causa desta diarreia é fundamentalmente uma falha de saneamento, levando à contaminação da água e dos alimentos.
Manter uma boa higiene e usar apenas água potável para beber e escovar os dentes.
As bebidas seguras incluem água engarrafada, refrigerantes engarrafados e água fervida ou tratada adequadamente pelo viajante.
Deve-se ter cuidado com chá, café e outras bebidas quentes que podem ser apenas aquecidas, e não fervidas.
Em restaurantes, insista para que a água engarrafada seja aberta na sua presença “Há relatos de pessoas em determinados locais que enchem garrafas vazias com água da torneira não tratada e revendendo-as como água purificada”, afirma.
Na dúvida, uma bebida gaseificada engarrafada é a escolha mais segura, pois é difícil simular a carbonatação no reabastecimento de uma garrafa usada”, orienta a médica.
Não consuma nada com gelo, que este pode não ter sido feito com água potável.
Evite saladas verdes, porque a alface e outros ingredientes não cozidos provavelmente não foram lavados com água potável.
Evite comer frutas e vegetais crus, a menos que sejam limpos e descascados pessoalmente.
Se manuseados de maneira adequada, alimentos frescos e embalados bem cozidos costumam ser seguros.
Carne e frutos do mar crus ou mal cozidos devem ser evitados. Leite não pasteurizado, laticínios e maionese estão associados ao aumento do risco de diarreia do viajante. Assim como alimentos e bebidas comprados de vendedores ambulantes e outros estabelecimentos onde condições anti-higiênicas podem estar presentes.
O uso de probióticos em situações em que ocorre disbiose intestinal foi bem estudado para prevenção e tratamento de diarreia aguda. Os probióticos têm uma vantagem única, pois podem ter mecanismos de ação diversos: morte direta de patógenos, destruição de toxinas patogênicas, interferência de adesão a células-alvo ou regulação do sistema imunológico”, explica a médica.