Caracterizada por uma síndrome de dor difusa, a causa da fibromialgia ainda é desconhecida, o que a torna um problema ainda maior aos seus portadores. Altamente incapacitante, compromete o autocuidado, a mobilidade, além de dificultar a atividade física e rotineira.

“Sabe-se que existe a chamada fibromialgia ‘primária’, a própria patologia, e a ‘secundária’, decorrente de outras doenças – pacientes com doenças reumatológicas ou quadro depressivo têm prevalência maior. Para confirmar a sua presença, é feito um exame clínico com a apalpação de 18 pontos anatômicos. O diagnóstico é positivo na presença de dor em 11 deles”, explicou o dr. Paulo Renato Barreiros da Fonseca, diretor científico da Sociedade Brasileira para o Estudo da Dor (SBED).

Entre as queixas frequentes estão o cansaço fora do comum (excessiva falta de energia e de força) e a fadiga associados à dificuldade de dormir ou qualidade do sono ruim – o que também gera problemas de concentração e de memória, tornando-se um círculo vicioso. Há, ainda, uma sensação de dor na musculatura que se espalha por todo o corpo, especialmente pelos membros superiores e inferiores, assim como pelas costas, e a maior parte sofre também de lombalgia.

 

dr. Paulo Renato Barreiros da Fonseca, diretor científico da SBED.

dr. Paulo Renato Barreiros da Fonseca, diretor científico da SBED.

“Temos um número alto de pacientes (50%) que sofrem com depressão, porém, não se trata de um quadro psiquiátrico, mas neurológico, pois o cérebro perde seu controle de administrar a dor”, esclarece  o dr. Paulo Renato. Uma vez que o portador da fibromialgia sofre com baixa qualidade de vida, o atendimento deve ser multiprofissional – além do ponto de vista fisiológico, é preciso estender os cuidados ao psicológico e social. A terapêutica medicamentosa é bem estabelecida, embora não curativa, pois ameniza a dor e melhora o sono e a depressão.

Para uma melhor recuperação, é imprescindível adotar atividade física, psicoterapia, fisioterapia, assim como terapias complementares (acupuntura e shiatsu) que resultam em maior independência e minimiza o sofrimento causado pela síndrome dolorosa.

“Sabemos que a fibromialgia afeta 7 mulheres para cada homem. E boa parte do que é necessário para uma terapia bem sucedida é a iniciativa dela mesma, aliada ao apoio familiar que, aliás precisa estar bem esclarecida de que se trata de uma doença física. Sem dúvida, o enfrentamento faz toda a diferença. E essa virada vem justamente da prática de atividades como relaxamento, alongamento, massagens e tudo que for voltado à movimentação, pois melhoram sobremaneira a qualidade de vida. Assim, o remédio torna-se uma ajuda temporária, uma vez que o maior benefício vem da atividade física”, concluiu