A onça-pintada (Panthera onca), símbolo do Parque Nacional do Iguaçu, permanece na lista dos animais ameaçados de extinção. Hoje existem, aproximadamente, apenas 80 felinos em todo o Corredor Verde. Essa área, considerada um dos últimos remanescentes de Mata Atlântica, abrange os Parques Nacionais do Iguaçu (Brasil e Argentina), o Parque Provincial Urugua-í (Argentina), outros fragmentos de florestas localizados na província de Missiones (Argentina) e o Parque Estadual do Turvo (Rio Grande do Sul/Brasil). São cerca de 600 mil hectares em unidades de conservação e outros cerca de 400 mil de florestas ainda primitivas ou pouco alteradas. 

onça pintada

 

Esses números são o resultado de pesquisas realizadas pelo Projeto Carnívoros do Iguaçu (Brasil), em conjunto com o Projecto Yaguareté (Argentina), com apoio irrestrito dos Parques Nacionais do Brasil e da Argentina (ICMBio e Administração Nacional de Parques, respectivamente). Para os pesquisadores, o quadro é grave e requer muita atenção, principalmente pelo papel que a onça-pintada exerce na mata: o de equilibrar o ecossistema.  

A espécie colabora para regular o tamanho de suas presas, como o veado e a capivara. Outro aspecto interessante é que o animal precisa de extensas áreas preservadas para sobreviver e reproduzir-se. A exigência da onça-pintada engloba as necessidades de todas as espécies. Por esse motivo, o felino é considerado “espécie guarda-chuva” pelos especialistas. Uma diminuição da população do felino resulta no desequilíbrio dos ecossistemas com consequências drásticas nas teias alimentares.  

parque onçaPara Marina Xavier, bióloga e coordenadora de campo do Projeto Carnívoros do Iguaçu, a situação não está ainda mais crítica porque há um esforço de fiscalização, de pesquisadores e de organizações ligadas ao Parque Nacional do Iguaçu (Brasil) e Parque Nacional Iguazú (Argentina). Os esforços são grandes, porém são necessárias mais ações para que, nos próximos anos, haja uma população maior de onças-pintadas, disse.

Ivan Carlos Baptiston, chefe do Parque Nacional do Iguaçu, unidade de conservação que tem como sua marca a onça-pintada, , destaca o trabalho feito. “Nos últimos anos montamos uma estratégia para a maior proteção do Parque Nacional do Iguaçu, com foco e priorização na redução da caça furtiva no interior da unidade, a partir de atividades de inteligência, sistemas de dados georreferenciados, capacitação de agentes de fiscalização e policiais ambientais, sistematização e priorização de áreas de acordo com a criticidade deste sério problema que atinge o parque.”

Para ele, “hoje o programa de proteção está bem definido, com uma forte e estratégica parceria com a Polícia Ambiental do estado do Paraná e ações coordenadas com a Polícia Federal, com direcionamento de equipes para ações de localização e neutralização da caça no interior do parque. A concentração de esforços no interior da unidade tem se demonstrado muito efetiva para a salvaguarda da vida selvagem”, revelou Ivan. 

É prematuro supor que esse esforço tem resultado na melhoria da população de onças-pintadas, apontam os pesquisadores, uma vez que os fatores que afetam as populações da fauna selvagem são muito amplos e complexos, mas, mesmo sem dados de estudos científicos específicos, para os agentes e policiais que atuam em campo é perceptível a resposta da fauna selvagem à estratégia de proteção adotada. 

Os estudos demonstram que é necessário ampliar e fortalecer não só as ações de proteção com uma maior presença institucional tanto no interior da unidade como em seu entorno, mas também os trabalhos de informação, orientação e valorização da vida selvagem para, principalmente, a população lindeira ao parque, nossos vizinhos mais próximos.