Ciro
Lilla, presidente da Mistral, explicou a posição da importadora em relação à
alta do dólar em editorial nesta edição do catálogo. “Primeiramente é preciso
lembrar que essa alta reflete principalmente a inflação acumulada ao longo dos últimos anos – ou seja, os vinhos
estão custando aproximadamente o que já custaram no passado.  Para
amenizar o efeito das oscilações da moeda, frequentemente temos praticado uma cotação do dólar fixa, um pouco mais baixa
do que a cotação oficial do momento. Outra medida adotada pela importadora foi reduzir preços em dólares de uma
grande quantidade de vinhos europeus
recém-chegados – compensando, em parte, o aumento da cotação do
dólar.  Dessa forma, o consumidor pode ficar certo de que continuará a
beber bons vinhos a preços que cabem no bolso. E os milhares de vinhos deste
catálogo vão ajudá-lo nessa agradável tarefa”.
Novidades

Destaque para o Dominio de Pingus – um dos maiores nomes da Espanha e de todo o mundo, com seus disputados vinhos talhados artesanalmente –, que passa a ser representado no Brasil pela importadora. Produzido
em minúsculas quantidades, Pingus é,
ao lado de Vega Sicilia, o maior expoente da Ribera del Duero. O vinho se tornou
reverenciado quando o crítico Robert Parker provou o tinto ainda não
engarrafado e afirmou ser um dos melhores vinhos jovens que já havia provado. A
expectativa aumentou ainda mais quando o navio com a grande maioria das
garrafas primeira da safra, 1995, afundou a caminho dos Estados Unidos, criando
uma demanda incomum e preços altíssimos para um rótulo espanhol. Nas safras
seguintes, a qualidade melhorou ainda mais e Pingus foi o primeiro Ribera del
Duero a arrematar uma nota 100 de Parker.

 

Também
comandado por Peter Sisseck, chega à Mistral o Château Rocheyron, adquirido pelo enólogo quinze anos depois da
fundação do Pingus. Localizada em Saint-Emillion, na margem direita de
Bordeaux, a propriedade elabora um excelente Grand Cru Classé de rendimentos
minúsculos, que foi apontado como “A” grande descoberta da safra 2013 por
François Mauss, presidente do conceituado Grand Jury Européen. Segundo vinho da
casa, o La Fleur de Rocheyron tem
excelente relação qualidade/preço.

 

Evidence é a nova criação de Caroline Frey, proprietária do Château La Lagune e da lendária Maison
Paul Jaboulet Âiné. A enóloga resolveu resgatar uma tradição antiga, dos
séculos XVI ao XIX, quando châteaux de Bordeaux adicionavam uvas Syrah do Rhône
para dar mais cor e corpo a seus vinhos. O tinto traz 50% de Syrah dos vinhedos
do Crozes-Hermitage Thalabert, enquanto a Cabernet Sauvignon é colhida nos vinhedos do Le Moulin
de La Lagune.

 

Ainda
da França, há mais três lançamentos. O Côtes
du Rhône Villages Domaine Plan de Dieu de Père en Filles, de Paul Jaboulet Âiné, recebeu 90 pontos
nas safras de 2010 e 2012 de Robert Parker, que classificou o tinto como
“Outstanding”. Grande achado do Rhône,
Silène é um robusto
Crozes-Hermitage com a assinatura de
Jean-Louis Chave, um dos mais aclamados nomes do vinho. Já o Pauillac Private Reserve é elaborado
pela família Schÿler –do famoso
Château Kirwan, em Margaux – com uvas de vinhedos de excelente qualidade em
Pauillac, sendo uma ótima compra para quem quer descobrir a tipicidade da
região, que está entre as mais renomadas do Médoc.

 

Da
Itália, chegam dois tintos. Gavelli
é o novo Barbera d’Asti de Coppo
(um dos principais responsáveis por colocar a casta Barbera entre as melhores
da Itália), fresco, aromático e desenvolvido sem adição de sulfito, o que
permite que o vinho não oxide. E San
Lorenzo é o esperado Chianti Classico Gran Selezione do Castello di Ama, que foi eleito o 6º
melhor vinho do mundo – e o melhor italiano – pela Wine Spectator em 2014.

 

Três
vinhos portugueses estreiam no catálogo da Mistral. Encante é um tinto saboroso e cheio de fruta elaborado pela Herdade dos Coelheiros com as uvas
Aragonez, Cabernet Sauvignon e Syrah sem passagem por madeira. O moderno Vinha da Avó, da Quinta da Lagoalva, traz uvas de um
vinhedo plantado em solos arenosos pela avó do enólogo Diogo Campilho, em 1950,
reenxertado três décadas depois por seu pai, Manuel Campilho, com as castas
Syrah e Touriga Nacional. Já o aguardado Meandro Branco, da Quinta
do Vale Meão, é interessante corte de partes iguais das castas Arinto e
Rabigato, que resulta em um branco potente e cheio de personalidade.

 

Entre
os espanhóis, mais três novidades. Produzido na Rioja, o Puente de Salceda, da Viña Salceda, é assinado por Fernando
Chivite e tem perfil moderno e uma notável elegância, com 91 pontos recebidos
pelo Guía Peñin, nota alta para sua faixa de preço. Criador do famoso Pesquera,
o genial Alejandro Fernández apresenta dois rótulos de sua vinícola de La
Mancha, a El Vínculo: o Alejairén, elaborado com a uva Airén,
raramente encontrada em um branco de qualidade, e o raro El Vínculo Gran Reserva Edición Limitada, produzido apenas em anos excepcionais e usando
a seleção mais rigorosa das melhores uvas. 

 

Do
Novo Mundo, o catálogo de outono destaca dois novos vinhos: o argentino El Gran Enemigo Agrelo Cabernet Franc que, criado por Alejandro Vigil para replicar o estilo
dos vinhos da margem direita de Bordeaux, recebeu a mais alta nota de Robert
Parker para Cabernet Franc, 95 pontos na safra 2010; e o chileno Outer Limits Cinsault, da Viña Montes, desenvolvido por Aurelio Montes com uvas de um
vinhedo muito antigo plantado sem irrigação no Vale do Itata, no sul do país.