A artista colombiana Johanna Calle retorna à Galeria Marilia Razuk com a exposição Babel. Drawings by Johanna Calle, sua terceira individual no espaço. A mostra, que segue em cartaz até o próximo sábado, 27, traz um conjunto de 79 obras, divididas em três séries de trabalhos que integram sua produção mais recente: Minúsculas, Párrafos e Simbiontes.

Dona de produção ao mesmo tempo delicada e contundente, a artista, que participou da 31ª Bienal de São Paulo, em 2014, e da Bienal de Sydney, em 2016, tem expandido e transformado aquilo que se entende como desenho. Johanna faz uso de materiais inusitados como fios, ferro e malhas de arame e aço, aproveitando-se de técnicas como costura, perfuração e textos manuscritos e datilografados para a construção de uma série de imagens.

A artista cria desenhos significativos, que muitas vezes denotam vulnerabilidade, fragilidade, precariedade, resistência e transgressão. Trata-se de uma forma simples, delicada e densa de referenciar problemas e incoerências que permeiam a sociedade latino-americana. Em sua obra, Johanna toma como matéria-prima não apenas o espanhol, sua língua-mãe, mas também línguas e alfabetos diversos. A artista enfatiza seus valores artísticos e, ao mesmo tempo, questiona a capacidade de comunicação de cada código.

Johanna utiliza a palavra como embrião de um desenho, cujos significados intelectuais e históricos estão escondidos pela forma. Suas obras nunca são de rápida fruição, permitindo ao observador descobrir universos criados a partir de signos.

Criada em 2013, a série Minúsculas é composta por 60 trabalhos realizados em papel japonês datilografados, cujos textos, compostos pela combinação de milhares de letras minúsculas, podem ser vistos de modo habitual e também de trás para frente. Párrafos – parágrafos, em português –também traz um questionamento acerca das letras e estruturas linguísticas. A série reúne 12 trabalhos, compostos por bases em MDF, sobrepostos a linhas retas de aço, combinadas a sistemas de letras antigas em borracha.

Simbiontes traz sete obras produzidas entre 2014 e 2015. O título que dá nome ao conjunto faz referência a uma relação simbiótica de dois ou mais organismos que, apesar de distintos, atuam em conjunto para o benefício mútuo. Criadas a partir de bordados sobre telas de aço, as obras se assemelham a uma cultura de microrganismos sobre placas de Petri, recipientes estéreis, cilíndricos e achatados, utilizados por profissionais de laboratório.