O conteúdo do INSPIRAMAIS, salão que lança mais de mil materiais para as indústrias de calçados, confecções, móveis e bijuterias entre os dias 23 e 24 de janeiro chama a atenção pela sustentabilidade. Logo no primeiro dia de programação de palestras, o indígena, pesquisador e designer Sioduhi Piratapuya apresentou a tecnologia Maniocolor, um corante natural à base de raspas da casca da mandioca.

Na oportunidade, o indígena do povo originário Piratapuya, do território do Alto Rio Negro, na Amazônia, ressaltou que o projeto faz parte da sensibilização sobre o uso sustentável do potencial da floresta. Citando dados alarmantes, como as mais de 90 milhões de toneladas de resíduos têxteis descartadas nos últimos anos e o fato de 17% a 20% da poluição das águas serem provenientes de tingimentos e tratamentos de tecidos, Sioduhi foi enfático: “Nascemos com o comprometimento de implementar soluções sustentáveis para a Amazônia e foi a partir daí que passamos a pesquisar os tingimentos naturais que respeitassem toda a nossa biodiversidade”.

Segundo ele, a Amazônia tem um potencial de uso sustentável que pode mudar a realidade da moda mundial. “Voltei para a Amazônia há cerca de um ano para ajudar a mudar a realidade da floresta e do povo indígena”, disse. O corante de mandioca foi utilizado em duas coleções do Sioduhi Studio, empresa fundada pelo indígena. Em 2022, foi apresentada a coleção Manioqueen e no ano passado a coleção Amõ Numiã: Ontem, hoje e amanhã. A partir de 2024, segundo ele, a meta é expandir ainda mais o processo na floresta amazônica, com projetos voltados à comercialização do material e colaborações com marcas do segmento da moda.

Sioduhi encerrou a programação de sete palestras do dia 23. Amanhã (24) o salão segue com intensa programação de conteúdo, com exposições sobre tecnologias sustentáveis que utilizam fungos no segmento têxtil e calçadista, sobre a pesquisa Periféricos, que embasará a coleção de materiais que será lançada no próximo INSPIRAMAIS, entre outras.