De um lado, o português com a nacionalidade brasileira no coração, Carlos Bettencourt, no Brasil desde 1985, e de outro, o paulista mais italiano que os próprios italianos, Juscelino Pereira

Juscelino Pereira e Carlos Bettencourt foto Helena de Castro

Em um restaurante, saber servir não é uma tarefa fácil, cuidar da administração, muito menos e fazer o cliente ser seu fã, quase impossível. É necessário habilidade para equilibrar todos os pratinhos. Ambos os empresários conseguiram fazer esse feito e são restaurateurs consagrados que enfrentaram a dura pandemia bravamente. Completando os 20 anos das casas que são referências no cenário gastronômico brasileiro, a bela Sintra e Piselli decidiram comemorar a data juntos.

Bacalhau no forno a bela Sintra foto Helena de Castro

Para essa celebração, a partir do dia 20 de março – trocadilho com os 20 anos -, as duas casas terão receitas um do outro: a bela Sintra terá um prato do Piselli e no Piselli uma receita do a bela Sintra. Nas escolhas estarão em destaque no cardápio do a bela Sintra, o Pasta e Piselli, um fettuccine com fonduta de parmesão, ervilhas frescas e pancetta à R$ 98 – grande clássico e no Piselli, o Bacalhau no forno a bela Sintra, servido uma posta generosa e grelhada de bacalhau acompanhada de batatas assadas, flor de brócolis, pétalas de tomate, alho, ovo cozido e regado a azeite por R$ 236, os pratos são individuais e perduram no cardápio durante o ano todo.

Pasta e Piselli foto Helena de Castro

Tanto Bettencourt quanto Pereira são amigos do meio gastronômico e trilharam suas profissões seguido da mesma trajetória, quase que uma sintonia.  Ambos, vindos do interior das suas cidades, tiveram seus avós como conselheiros na ideia de desbravarem a caminhada profissional e se fortalecerem usando a coragem para vencerem na vida.  Quando entraram para a empreitada gastronômica, trabalharam em diversas áreas dentro do restaurante e chegaram a mesma função. Também, trabalharam em grandes casas e no bairro dos Jardins e colecionam os mesmos clientes. Tanto um como o outro, incorporam na veia o gene do empreendedorismo, aptidão para os negócios e são fiéis em afirmar, que o amor pela profissão é o que movem a continuarem na jornada. Iniciaram projetos independentes no mesmo ano de 2004, inclusive as comunidades portuguesa e italiana os reconhecem como membros nacionais que propagam a cultura.

Resumo de histórias de vida de ambos

História do alentejano, Carlos Bettencourt: nascido na pequena Sousel, na região do Alentejo, sul de Portugal, Bettencourt acompanhou desde criança sua família na hospedaria do avô que lhe ofertou muito conhecimento. Viajou por alguns países da Europa antes de chegar ao Brasil através do convite do pai de uma amiga.

Em 1985, na cidade de Foz do Iguaçu começou a trabalhar em um hotel e foi em suas férias visitando o Rio de Janeiro, que conheceu o proprietário do restaurante Antiquarius e logo se transferiu para a cidade carioca onde permaneceu por alguns anos até chegar em 1990 à São Paulo para abrir uma filial desta citada casa.

Depois de uma longa experiência foi convidado por clientes e amigos a abrir o próprio restaurante. Em novembro de 2004, lançou o a bela Sintra, que marca sua história na área gastronômica paulistana. “Meu sonho desde adolescente era ter meu próprio restaurante. Minha vinda para o Brasil foi o casamento perfeito para eu realizar o sonho. Deste casamento Portugal e Brasil nasceu essa casa que para mim é como se fosse um filho. “, diz emocionado, o rei da maestria em receber bem os clientes, Carlos Bettencourt.

Em 2022, a Casa de Portugal de São Paulo, concedeu ao empresário Carlos Bettencourt a honraria de comendador, pela grandeza em promover a cultura lusitana em São Paulo. Aproveita o excelente momento de sua vida, com três filhos, Filipa, Miguel e Maria, e está casado com a chef de cozinha Patricia Sampaio Bettencourt, que o ajuda em suas casas (a bela Sintra, em São Paulo e Dois Rios em Campos do Jordão), o restaurateur comemora 38 anos de profissão e 20 anos de seu a bela Sintra.

História Juscelino Pereira – Desde a infância em Joanópolis -interior paulista -, onde a tentativa de plantar ervilhas não deu certo, até a vinda para São Paulo, Juscelino não desistiu e ao contrário, galgou uma caminhada de sacrifícios, mas de muito êxito. Hoje é dono do restaurante Piselli e tem uma história de vida marcante que soma 37 anos de conquistas. Na capital paulista, começou como ajudante-geral, cumim, garçom, sommelier e maître em casas menos conhecidas até chegar ao Grupo Fasano, por onde permaneceu por longos anos até abrir seu restaurante Piselli, antes dos 35 anos – idade que seu avô dizia ser limite para todo homem ter seu próprio negócio.

A grande virada de chave para o empresário foi quando aos 30 anos ele fez uma reflexão e lembrou do discurso do avô que contava estórias de negócios, de vida, de Brasília (por isso seu nome é Juscelino, pois o avô era fã de J.K.) e sempre dizia que um homem tem que trabalhar, estudar, batalhar, mas que quando chegasse aos 35 anos precisaria estar aprumado, ou seja, estabilizado. Teria que ter seu diploma, seu bom emprego ou seu próprio negócio, sem depender dos outros, e foi assim que começou a planejar o negócio. Juscelino desenhou um modelo de tratoria e nas viagens que fazia para Itália, visitava inúmeras casas, anotava muitas receitas, trazia muitos menus e queria trazer algo para São Paulo que ainda não existia ainda, resultando na abertura no último dia de julho de 2004, no Piselli.

O empresário Juscelino Pereira, sempre foi uma pessoa inquieta que traduz uma vontade incessante de apreender, crescer, inovar, modificar, investir em objetivos que possam permear um futuro sólido e resultar em frutos positivos destas construções diárias.  Atua há 20 anos nos seus restaurantes Piselli com unidades nos Jardins, o Sud no Shopping Iguatemi e outro Piselli no coração de São Paulo, na rua Boa Vista, além da casa na capital de Brasília. É sócio de outras empreendimentos como o Timo Mio e o el Carbón, ambos na Vila Olímpia. Recentemente abriu o Mercato Piselli, uma plataforma on line com a sua curadoria do próprio empresário vendendo mais de 500 itens ligados a enogastronomia.

“Para se fazer sucesso neste segmento é preciso ter empreendedorismo na veia, ter paixão, pesquisar e ser curioso. Trabalhar com prazer é o segredo para ser bem-sucedido e atrair pessoas do bem.”, diz Juscelino. Escreveu o livro “Servir bem é um bom negócio”, da editora Senac, onde conta a história empreendedora na área da gastronomia.

Engajado na cultura da terra da bota, viaja para Itália duas vezes por ano. Desde os tempos do Fasano, em que visitava muitos produtores de vinho, especiarias, azeites, alimentos, ajudou a abrir caminhos com o fornecimento de produtos italianos diretamente para seu Piselli, como vinhos de rótulos exclusivos e próprios.  Nas épocas de trufas vai para regiões de trufas em setembro para trazer a iguaria aos clientes.

 

a Bela Sintra

Endereço – Rua Bela Cintra, 2325 – Cerqueira César

Telefone: (11) 3891-0740/1090

Site: www.abelasintra.com.br  @restauranteabelasintra (cuidado há outros piratas

 

Piselli Jardins

Rua Padre João Manual, 1.253 – Cerqueira César, São Paulo – Fone 11 3081-6043

Horário de Funcionamento – segunda a quinta, almoço das 12h/16h e jantar das 19h/meia-noite. Sexta e sábados, das 12h/meia-noite (sem intervalo) e domingo e feriados das 12h/23h (sem intervalo)

Cartões – todos/ Acesso a deficiente físico – sim /@restaurantepiselli