A BLTA – Brazilian Luxury Travel Association organizou em Itacaré (BA)  entre os dias  7 e 10 de abril , encontro que  diálogos importantes sobre práticas, desafios e caminhos para um turismo mais regenerativo. Reunindo associados de diferentes regiões do país e executivos de consultorias do setor de ESG (Environmental, Social and Governance), o II Encontro ESG BLTA ainda contou com a presença de Marina Barki, da gerência de Sustentabilidade da Embratur.

 

Nesta  edição a temática foi Caminhos e Convergências para Cocriar Destinos de Futuro, onde os  associados apresentaram um amplo panorama da evolução de suas iniciativas, evidenciando que encontros como esse são fundamentais para o compartilhamento de experiências e a construção coletiva de premissas que possam reverberar para além da entidade e inspirar toda uma pirâmide do setor, além de engajar e promover a transparência no modelo de gestão associativa. Para a CEO da BLTA, Simone Scorsato, reunir um grupo heterogêneo desvela muitas camadas que, juntas, criam a consistência da associação como entidade responsável pela promoção do turismo de luxo no país e fora dele, bem como fomentam a autonomia de destinos, evitando relações de dependência e processos predatórios, geram dignidade para toda a cadeia produtiva e comunidade e possibilitam representatividade nas esferas políticas.

 

O encontro contou com o Barracuda Hotel & Villas e o Txai Resort como anfitriões. O primeiro acolheu debates dialogados e orientados pela Raízes Desenvolvimento Sustentável, empresa que cria e implementa projetos sociais de empoderamento feminino, governança coletiva e turismo sustentável sob a condução de Jussara Rocha e Lucila Egydio. Entre uma atividade e outra os convidados puderam vivenciar não somente os serviços da propriedade, como conhecer in loco projetos sociais apoiados pelo Instituto Yandê.

 

Os palestrantes convidados apresentaram jornadas possíveis para certificações e ações implementadas para mudanças disruptivas no comportamento e no ambiente interno e externo de entidades governamentais, empresas e na representatividade e responsabilidade de ambas junto à sociedade civil. Além de Marina Barki, entre os convidados estavam Leana Bernardi, da coordenação nacional GreenKey/Instituto Ambientes em rede sobre o sistema de certificação Bandeira Azul; João Bernardo Casali, sócio-fundador da Nativa Brasil e conselheiro emérito do Sistema B;  Salvador Ribeiro, da Rede Brasil Turismo e CO2 Legal, que abordou o turismo como indutor de mudanças sócio-ambientais, e o biólogo, doutor em Botânica e paisagista Eduardo Gonçalves, que discorreu sobre os conceitos de biofilia como um corpo de conhecimento.

O evento também propiciou aos presentes uma troca generosa de experiências propositivas, expondo e analisando posturas mais amplas em direção de uma economia mais inclusiva e identificando que, juntos, os associados da BLTA são potências complementares que empreendem em conjunto entre si e com o destino, atuando de forma social e transversal.

 

Nesse sentido, O Txai Resort & Spa juntou-se à organização do encontro promovendo uma experiência de imersão cultural, reunindo um grupo de capoeira e representantes femininas de matriz afrocentradas da região, que acolheram os participantes do evento para um jantar de confraternização. Todos puderam, ainda, presenciar a soltura de tartarugas no mar, em uma ação do projeto que já cuidou da sobrevivência de 120 mil tartaruguinhas, o TxaiTaruga, executado em parceria com a UESC-BA. “Temos um enorme prazer em apresentar os nossos projetos comunitários, aqueles mais tangíveis, como o das tartarugas, e outros tão importantes quanto que ficam invisíveis na operação final ao cliente, mas que para nós é de extrema importância”, ressaltou Paulo Silva, diretor de Projetos Sociais do resort: “Aqui em Itacaré somos estabelecimentos que se complementam. Caminhando juntos potencializamos o destino como um todo. O ganho tem valor material e imaterial”, avalia Paulo.

 

Entre os assuntos abordados durante o encontro também foi abordada a possibilidade de implementação de ações mais imediatas, como realizar um diagnóstico com base nos critérios ESG para determinar o status “quo” dos associados em relação ao uso e monitoramento dos recursos como energia, água, gestão de resíduos etc., entre outros temas ligados ao S (social) e ao G (governança); desenvolver planos e melhoria para cada tema e, por fim, orientar para modelos de certificação. Nesse contexto, ficou evidente que é necessário assegurar que determinados aspectos, como ambientes colaborativos, satisfação dos funcionários e engajamento com ESG, estejam presentes na cultura da associação.

 

Todas as pautas discutidas em Itacaré deverão resultar em um documento norteador de princípios do ESG para os associados, atuais e futuros. Além disso, todo o conteúdo do encontro será novamente objeto de debate junto a todos os integrantes da BLTA até o final de maio, para posterior publicação de um documento final.  Em conjunto, os associados acreditam que essa abordagem e metodologia garantem um compromisso contínuo com a sustentabilidade, a conduta ética e a excelência operacional da BLTA.

 

Dentro do processo de cocriação, tema do encontro, foi ressaltado que o detalhe faz a diferença dentro do setor de hospitalidade de alto padrão e cria um movimento em caminho a uma contribuição efetiva e afetiva do turismo para o social. “A marca Xodó que acabamos de lançar para o mercado oficialmente em Brasília no mês passado, na presença do presidente da Embratur, Marcelo Freixo, e de representantes do setor, foi pensada nesse sentido, o de promover o Brasil de forma afetiva valorizando os destinos e seus atributos autênticos e que reflitam a diversidade  e a excelência em hospitalidade do nosso país”, afirma Simone.

O evento terminou com a materialização efetiva de intenções. “Conseguimos, por meio de uma parceria da BLTA com a Embratur, fazer a compensação de carbono  desse encontro. Os dados estão sendo avaliados nesse momento por Salvador Ribeiro, da Rede Brasil Turismo e CO2 Legal, e em breve teremos os números exatos”, anunciou Marina Baki, da Embratur.

 

“O empresário do século XXI precisa ter a coragem de tomar o risco de distribuir a geração de benefícios com outros stakeholders da sua cadeia de valor, impulsionar a inovação em sustentabilidade e se comprometer com a medição de impacto e a transparência. Entender a neutralidade de carbono como uma porta de entrada para geração de impacto positivo no curso de sua atividade econômica é fundamental”, complementa Simone.

 

No fechamento do encontro, Pedro Treacher, VP de Sustentabilidade da BLTA, ressaltou a importância de mensurar o mercado informal e sua cadeia de suprimentos, além de fazer uma mensuração interna mais subjetiva que reflita como é o consumo de água da superação, qual o impacto do negócio nas próximas gerações e o que deixa como legado.  “Se tivermos uma compreensão rasa, nossas ações estarão comprometidas”, pondera.

 

“Meu desejo é materializar tudo o que foi abordado nesse encontro, criando uma sensação de unidade, podendo sensibilizar o back office de cada associado no sentido de estabelecer critérios vivos que nos levem a outro patamar, mantendo a nossa coerência e autonomia e entendendo que todos se movimentam no mesmo caminho, na mesma jornada. Não existem favoritos na largada”, finaliza Simone.