A 13ª edição da SP-Arte aconteceu de 5 a 9 de abril no Pavilhão da Bienal, em São Paulo, com a participação de 134 celebradas galerias nacionais e internacionais de arte e 25 galerias brasileiras de design. Ao longo de cinco dias, 30 mil pessoas passaram pelo Pavilhão – número 10% maior que o do ano passado. Neste ano, estrearam as visitas guiadas da SP-Arte, oferecidas gratuitamente a mais de mil pessoas.“Há muito para comemorar – fizemos um trabalho duro, focado em pluralidade e diversidade, no que existe de mais novo em arte. Foi uma edição voltada para múltiplas manifestações artísticas, que teve recorde de público e inclusive crescimento nos negócios”, afirma Fernanda Feitosa, diretora e fundadora da SP-Arte.

 

 O novo setor Repertório foi um dos grandes destaques desta edição. Com curadoria de Jacopo Visconti Crivelli, o espaço apresentou artistas a partir de um recorte cronológico e reuniu criadores considerados fundamentais para a compreensão das práticas artísticas atuais.

Buscou-se  incluir tanto artistas brasileiros com trajetórias sólidas, mas ainda relativamente pouco conhecidos pelo grande público – como Rubem Valentim, Carlos Vergara e Niobe Xandó –, quanto artistas internacionais que, apesar de sua importância, ainda não tiveram visibilidade suficiente no Brasil. Desse grupo se destacam, por exemplo, Lothar Baumgarten, Richard Long e Pino Pascali.

Uma das grandes novidades trazidas pela 13ª edição SP-Arte foram as visitas guiadas temáticas. Ao longo dos cinco dias do evento, mais de mil pessoas participaram das visitas, oferecidas gratuitamente, que abordaram temas diversos, tais como arte contemporânea brasileira e internacional, moderna e concreta, mulheres na arte, circuitos específicos dos setores Solo, Repertório e Design, além de uma visita que buscou destacar jovens artistas e galerias em ascensão.

A SP-Arte e a Associação Cultural Videobrasil renovaram a parceria e apresentaram ao público a exposição Nada levarei quando morrer, aqueles que me devem cobrarei no inferno, que transbordou o Pavilhão da Bienal e segue até 17 de junho no Galpão VB. Inspirada nas obras do cineasta italiano Pier Paolo Pasolini – refinado observador da cultura de seu tempo que traz em seus trabalhos uma dura crítica à extinção de práticas culturais em função do desenvolvimento –, a mostra apresenta trabalhos de grandes figuras nacionais como Claudia Andujar e Miguel Rio Branco.

 

 Em 2017, a SP-Arte se assumiu como festival, lugar que vinha ocupando ao longo dos últimos anos. Entre os dias 30 de março e 9 de abril, São Paulo recebeu mais de 180 eventos voltados à arte e ao design. Somaram-se ao epicentro dessa celebração, que é o evento no Pavilhão da Bienal, uma série de aberturas de exposições, visitas guiadas em galerias e museus, performances e lançamentos de livros.

Nos dias 3 e 4 de abril, a capital paulista abrigou a segunda edição do Gallery Night, iniciativa que reuniu mais de 50 galerias e espaços culturais paulistanos com o intuito de impulsionar o mundo das artes da cidade nos dias que antecederam o festival.

Ao longo das duas noites, os apreciadores da arte puderam aproveitar a efervescência cultural da cidade ao circular por seus bairros, visitando uma série de espaços que abriram suas portas até mais tarde para receber atividades culturais.

Grande novidade da edição anterior, o setor de Design ganhou sua segunda edição neste ano, ampliando o diálogo da arte com design e arquitetura.

O setor apresentou ainda uma renomada seleção de artistas e designers, com coleções como Mangue, assinada pelo artista e designer Ary Perez ,além de uma série de peças de expoentes do mobiliário moderno brasileiro, dentre os quais Zanine Caldas, Sergio Rodrigues, Joaquim Tenreiro e Lina Bo Bardi.

 

 

Como de costume, o evento foi marcado também pela forte presença da pintura moderna e contemporânea, com obras de Alfredo Volpi, Antonio Bandeira, Cândido Portinari, Helio Oiticica, Iberê Camargo, Lygia Clark, Tomie Ohtake, Tunga, Mira Schendel, Sergio Camargo, Adriana Varejão, Beatriz Milhazes e outros nomes, com importantes obras expostas pelo Pavilhão.

Uma das novidades mais aguardadas na cena cultural paulistana em 2017, a Japan House, que deve abrir suas portas na Avenida Paulista ainda em maio deste ano, deu uma prévia do novo espaço de cultura do governo nipônico durante a SP-Arte. Sob curadoria de Marcello Dantas, estiveram presentes artistas de peso como Hiroshi Sugimoto, Kasuko Miyamoto, Kishio Suga e Yoshitomo Nara.

 

Fruto de uma parceria com o Centro Universitário Belas Artes de São Paulo, a SP-Arte trouxe, pelo terceiro ano consecutivo, um setor dedicado exclusivamente a performances. A SP-Arte chamou atenção pelo crescimento da presença estrangeira, com colecionadores internacionais vindos especialmente para participar do evento, como o casal Marc e Livia Straus e Galila Barzilai.

Os nomes de profissionais internacionais incluíram Tanya Barson, curadora chefe do MACBA (Barcelona), Michael Wellen, curador da Tate (Londres), Gabriel Perez Barreiro, curador da Bienal de São Paulo, e Carolin Kochling, curadora do The Power Plant (Toronto).

 

A SP-Arte recebeu em seu lounge o lançamento recorde de 28 publicações. O evento reuniu ainda 13 destacadas editoras e nomes do mercado de arte brasileiro e estrangeiro, com a estreia de Desapê, Paisagem/Taschen, Plana e Ubu. Entre os títulos estão Museum in a Box (editora Desapê), do artista Marcel Duchamp; Sonia Gomes (Cobogó), da artista plástica que dá nome à obra; e a Acaso e necessidade (Ateliê Fidalga), de Sandra Cinto.

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Em parceria com o Illy, a SP-Arte entregou o Prêmio Illy Sustain Art à artista Clara Ianni, da galeria Vermelho. Iniciada em 2007, a premiação, que concede R$ 20 mil ao selecionado, tem como intuito mostrar uma nova geração da arte contemporânea em países em desenvolvimento, destacando jovens artistas brasileiros, escolhidos no contexto de feiras e exposições.

Alice Shintani, da Galeria Marcelo Guarnieri, e Regina Parra, da Galeria Millan, foram as ganhadoras do Prêmio de Residência SP-Arte de 2017. Nesta edição, Alice irá para a Delfina Foundation, em Londres, enquanto Regina passará uma temporada na Residency Unlimited (RU), em Nova York – ambas com duração de dois meses.

O artista Ivan Grilo, da Casa Triângulo, foi o vencedor de um prêmio dado pela Fundação Marcos Amaro durante a SP-Arte. A premiação, no valor de R$ 25 mil, teve sua estreia nessa edição e visa dar suporte a artistas que participaram do evento e que tenham se destacado em sua produção criativa.

 

O programa de doações a instituições avançou nesse ano, com o número recorde de 23 obras doadas ao MAR, Pinacoteca e Masp.