Há quem diga que o ano só começa de verdade depois do Carnaval, então, nada melhor para começar bem 2024 que as muitas bênçãos, axé e alegria do Bloco Filhas de Clara, que faz seu cortejo em BH no domingo pós folia, dia 18 de fevereiro. O desfile sempre começa com um grande banho de manjericão para energizar todos os presentes. Os foliões se vestem de branco, com colares vermelhos e azuis, e dando o tom, uma banda composta apenas por mulheres, lideradas pelo trio de vocalistas: Aline Calixto, Júlia Tizumba e Tia Elza. As canções são de uma das maiores cantoras da música brasileira e pioneira no samba ‘de mulheres’: a grande Clara Nunes.

foto Andreza Sena

“Mesmo com uma carreira que foi tão curta, já que ela faleceu aos 40 anos, Clara Nunes foi muito importante para disseminar a música e a cultura popular brasileira, e sua obra continua potente até hoje. Além disso, pouca gente sabe, mas ela foi a primeira mulher no Brasil a vender 100 mil cópias de um disco, e em uma época em que o cenário era muito mais machista”, conta a sambista e fundadora do bloco, Aline Calixto. Quando idealizou o projeto, ela fez questão de homenagear não só a diva brasileira, mas a música feita por mulheres e, então, desenhou uma história que é coletiva, onde só mulheres tocam, cantam e produzem Filhas de Clara.

O repertório do Filhas de Clara passa por toda a trajetória da artista, com sucessos para cantar junto como “Feira de Mangaio”, “O Mar Serenou”, Canto das Três Raças”, “Morena de Angola” e mais. Para este ano, o setlist vai homenagear em especial as canções do álbum “Alvorecer”, que completa 50 anos de lançamento. Esse disco tem repertório centrado na afro-religiosidade brasileira e é um marco na carreira de Clara Nunes, assumindo novos ritmos e sonoridades populares, mais afastadas do samba-canção que a acompanhava até então.

“Clara Nunes trouxe uma contribuição enorme na valorização da arte, da cultura e da musicalidade de matriz africana e afro-brasileira. Num país tão racista como o nosso, infelizmente, esse tipo de movimento de afirmação e preservação é muito importante! Clara sempre contribuiu para isso de forma brilhante e me identifico muito com ela”, confessa a vocalista Júlia Tizumba, que já estrelou um musical chamado Clara Negra, da Cia. Burlantins, em 2013, em homenagem aos 30 anos de falecimento da artista.

A única canção do Filhas de Clara que não faz parte do repertório da “Mineira Guerreira” é “Um Ser de Luz” que foi composta após sua morte por João Nogueira, Mauro Duarte e Paulo César Pinheiro, que era seu marido. Os versos que dizem “O menino Deus chamou, e ela foi pra cantar, para além do luar, onde moram as estrelas” têm tom de celebração. É  uma oração entoada à capela por todo o cortejo, que para e se emociona em reverência.

O Bloco Filhas de Clara está marcado para o domingo pós-carnaval, dia 18 de fevereiro, a partir das 13h30. O local do desfile não poderia ser mais especial: a avenida batizada com o nome da cantora no Bairro Renascença, onde ela viveu.

Neste carnaval, o Filhas de Clara também faz uma participação especial na programação do Atrium da Liberdade na segunda-feira, 12 de fevereiro. A apresentação faz parte do Ritmos da Liberdade e acontecerá entre 11h30 e 12h30, na Praça da Liberdade, em um encontro musical com o Bloco da Calixto e o OriSamba.

 

 

Segunda-feira, 12/02 – Programação Ritmos da Liberdade | Atrium da Liberdade

Praça da Liberdade

10h30 às 11h30: Vivências Dança Anos 80/ Pintura Corporal / Make Anos 80/ Percussão

11h30 às 12h30: Filhas de Clara (abertura com banho de manjericão coletivo)

13h às 14h – OriSamba

14h30 às 15h30 – Bloco da Calixto

  • Domingo, 18/02

Horário: 13h30 concentração | 14h30 saída

Concentração: Av. Clara Nunes, 88, Bairro Renascença