A estilista  Fernanda Yamamoto mostrou hoje no Centro Cultural São Paulo, onde está expondo juntamente com a  Comunidade Yuba, um desfile/performance  nesta edição SPFWN52 . O ponto de partida para essa coleção foi o acervo de figurinos dos espetáculos da comunidade, que após um minucioso levantamento no acervo de figurinos, a equipe FY escolheu três quimonos antigos feitos a partir de sacos de algodão para armazenamento de ração de galinha e usados em espetáculos de dança, teatro e música de Yuba no início da década de 60.

foto: Marcelo Soubhia/Fotosite

Esses três quimonos nas cores rosa, verde e azul, foram ressignificados recebendo interferências de bordados e aplicações de organza de seda transparentes, nunca deixando de revelar a riqueza da história por trás dessas mesmas peças. A partir desse fio condutor, a equipe começou a trabalhar formas do quimono em peças de organza de seda, com inclusão de um outro tecido: o morim, tela de algodão usado internamente no ateliê para estudos de criação e modelagem.  Os últimos looks – quimonos estilizados – foram feitos inteiramente com seda. Todos contém técnicas manuais sempre presentes no trabalho da marca e que são retomadas com um novo olhar: bordados, origami, macramê, drapeados, shibori e enfesto.

Foto: Ze Takahashi/ Fotosite

 

 Segundo  Marcello Dantas, curador da exposição a Comunidade Yuba,  a comunidade é autônoma criada na década de 30 por imigrantes japoneses no Bairro Aliança em Mirandópolis, cidade do interior do Estado São Paulo, e conhecida por seu sistema de vida auto suficiente, a comunidade se dedica à produção de alimentos, utensílios, instrumentos e brinquedos, ao mesmo tempo que promove a educação e as artes por meio do teatro, da música e outras expressões que buscam manter os traços de uma identidade japonesa dentro do contexto cultural brasileiro. 

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  Elemento central no espaço da exposição, uma grande mesa comum construída pelos membros da comunidade abriga uma seleção de objetos por eles criados para o seu próprio cotidiano: de enxadas a panelas, brinquedos a violinos e figurinos a pinturas. De um lado da sala se apresenta uma cronologia da história singular desse povo que partiu em busca de perenizar seus costumes num lugar distante de sua origem cultural japonesa. Do outro, encontramos as criações de Fernanda Yamamoto feitas a partir de figurinos antigos de espetáculos da comunidade. Essa experiência apresenta um caminho traçado de como se reinventar (ou resistir) diante de situações limite, e nos recorda tudo aquilo que os fundadores de Yuba tentaram trazer e mostrar para esse novo mundo.