O governo do Sultanato de Omã patrocinou uma pesquisa inédita sobre a imagem que o brasileiro faz dos árabes e seus descendentes no Brasil, bem como sobre o conhecimento e imagem que os brasileiros têm dos países árabes. Intitulado Laços de Amizade, o estudo é parte de um projeto concebido para investigar a imagem e reputação que os brasileiros têm de seus imigrantes.

 

A pesquisa conta com o apoio da Câmara de Comércio Árabe-Brasileira (CCAB) e tem por objetivo principal demonstrar a integração e contribuição da comunidade árabe no Brasil. As informações do estudo também vão contribuir para que Omã amplie suas relações econômicas e culturais com Brasil, onde mantém representação diplomática há cinco anos.

O estudo será apresentado oficialmente em cerimônia realizada hoje, 28, no Teatro Sérgio Cardoso (Rua Rui Barbosa, 153, Bela Vista), em São Paulo e vai contar com a participação do secretário-geral do Ministério do Patrimônio e Cultura de Omã, sua alteza Fatek bin Fahar bin Timor Al Said, que está no Brasil para promover a exposição Dias Culturais de Omãn no Brasil, com obras de arte e artefatos do seu país. O evento também deve contar com a presença do embaixador de Omã no Brasil, Khaled Aljaradi. A mostra ocorre no Shopping Eldorado, na capital paulista, e de 05 a 10 de agosto no Rio Design Barra, na capital fluminense.

 

Nas duas cidades, a mostra contará com exposições de fotografias, documentos religiosos, obras de arte, manuscritos, artesanato e moda. Haverá ainda apresentação musical, a presença de um calígrafo e de uma mulher que faz pintura de hena nas mãos.

 

O estudo realizado pela H2R Pesquisas Avançadas, empresa especializada em pesquisas socioculturais, é o primeiro já feito sobre a imagem dos árabes e sua comunidade no Brasil. A pesquisa ouviu 741 pessoas, homens e mulheres acima dos 18 anos, de todas as classes sociais, em todo o País. Uma amostra adicional de 129 pessoas foi utilizada para apurar detalhes sobre a imagem dos países árabes para subsidiar, principalmente, ações de promoção do turismo.

 

De acordo com o presidente da H2R, Rubens Hannun, os brasileiros fazem uma imagem positiva dos árabes e reconhecem as contribuições deles para o País. “A pesquisa mostra que há no Brasil um grande respeito pela cultura árabe e que essa a comunidade está bastante integrada à sociedade brasileira”, diz o executivo, também vice-presidente da Câmara Árabe.

 

Os árabes começaram a instalar-se no Brasil no fim do século XIX fugindo de guerras na Síria, no Líbano e em outros países da região. Em mais de um século de convivência, os brasileiros consolidaram uma imagem dos árabes como “pessoas boas, amigas, alegres e acolhedoras, muito religiosas, ligadas à família e à tradição”, constata o levantamento. Os árabes também são percebidos pela sua reputação como “trabalhadores” (por 97% dos entrevistados), “respeitadores” (93%), “criteriosos” (92%) e “empreendedores” (91%).

 

Para 57% dos brasileiros, os árabes tiveram papel importante no desenvolvimento do comércio no Brasil. Os imigrantes árabes também teriam contribuído para a gastronomia (42%) e a economia (21%) do nosso País. No caso da culinária, 42% dos entrevistados citaram o quibe, a esfirra e o tabule, pratos árabes típicos, como já integrados aos hábitos alimentares nacionais. A contribuição também é reconhecida nas áreas de saúde e artes.

 

Os árabes também são percebidos como uma comunidade de bom nível econômico, para 71% dos entrevistados. Os brasileiros também acreditam que os árabes gostam do Brasil (88%). A integração da comunidade ao País aparentemente foi muito pacífica, tanto que 82% dos entrevistados afirmam que se parecem mais com “brasileiros” que com “árabes”, de fato.

 

Quando questionados se aceitariam um árabe ou um descendente como membro da família, 74% dos entrevistados disseram não ver problema nisso. Para 79% das pessoas que participaram da sondagem seria natural montar um negócio com um sócio árabe. “A maioria não vê problema também em ter um chefe, colaborador, gerente de banco ou professor árabe. Até mesmo compraria um carro usado ou emprestaria dinheiro a um árabe”, afirma Hannun.

 

Os brasileiros (65% dos entrevistados) reconhecem, contudo, existir preconceito contra os árabes, principalmente devido à religião e a determinados aspectos de sua cultura. Para Hannun, essa percepção tem relação com acontecimentos recentes divulgados pela mídia sobre conflitos e terrorismo no Oriente Médio, além de críticas à posição que a mulher ocupa no mundo árabe, segundo a ótica ocidental.

 

Ao mesmo tempo, a pesquisa mostra que os brasileiros associam os países árabes a localidades “exóticas”, “de beleza natural” e “diversidade cultural”. Alguns são considerados locais “modernos”, “ricos” e “cosmopolitas”, com menções diretas às cidades de “Abu Dhabi” e “Dubai”, nesses quesitos. Segunda a pesquisa, 68% dos brasileiros fariam turismo em países árabes. Egito, Arábia Saudita, Emirados Árabes Unidos e Marrocos estão entre as opções consideradas.

 

“O estudo também sinaliza que os desafios existentes nas relações bilaterais entre Brasil e os países árabes estão sendo superados pelos esforços amistosos e pela dedicação de instituições, como a Câmara de Comercio Árabe-Brasileira e das representações diplomáticas árabes no Brasil, na promoção de oportunidades para o turismo, para o intercâmbio cultural e educacional e para a intensificação de ações comerciais”, finaliza Hannun.