Segundo dados da Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção (Abit), baseados em informações do Ministério da Economia, as exportações do setor iniciaram 2022 com o melhor desempenho para janeiro nos últimos cinco anos. Houve crescimento tanto em valor FOB como em volume.
“Abrimos o ano com variação positiva das vendas externas de 38,49% em relação ao mesmo mês de 2021, evoluindo de US$ 60 milhões para US$ 84 milhões. No tocante à quantidade, a expansão foi de 12,86%, com incremento de 15 mil para 17 mil toneladas”, ressalta Fernando Valente Pimentel, presidente da entidade.
As importações avançaram 19,09%, variando de US$ 410 milhões para US$ 471 milhões. Na mesma base de comparação, o déficit da balança comercial aumentou 10,72%. Passou de US$ 350 milhões para US$ 387 milhões. Questões de mercado alteraram as importações, que, embora tenham crescido em valor, tiveram redução de 16,65% em volume, recuando de 151 mil toneladas para 126 mil toneladas.

 

Pimentel salienta que o crescimento das exportações deve-se principalmente às vendas aos países vizinhos. “A Argentina continua sendo nosso principal destino, com aumento de 35% no valor exportado. Destaque, também, para o Uruguai (+48%), Paraguai (+18%), Colômbia (+94%) e Peru (+77%)”.

Em termos de produtos têxteis, praticamente todos os segmentos tiveram aumento nas vendas externas. Destacam-se alguns produtos: tecidos de algodão, com variação no valor de 72,24%, atingindo US$ 12,3 milhões em janeiro; filamento de elastano, expansão no valor de 293,88%, atingindo US$ 10,9 milhões; tecidos de malha, com crescimento de 45,33%, alcançando US$ 5 milhões; fios de algodão, com variação de 186,68%, chegando a US$ 1,9 milhão.
“No vestuário, houve alta em valor de 76% na comparação com janeiro de 2021, sendo que alcançamos US$ 10,7 milhões exportados”, revela Pimentel, destacando alguns itens: calças, jardineiras e bermudas, com uma variação de 87%, atingindo US$ 2,3 milhões no mês; moda íntima, com aumento de 82%, alcançando US$ 2,2 milhões; e moda praia, com expansão de 195,2%, registrando US$ 1,1 milhão.

 

O fator China

Quando se avaliam apenas os números relativos às importações de vestuário, o crescimento em valor foi de 53,50%, saltando de US$ 80,48 milhões para US$ 123,54 milhões. Em volume, os ingressos foram de 8.341 toneladas em janeiro de 2022 e de 5.845 toneladas no primeiro mês de 2021, com aumento de 42,70%.

O maior volume em janeiro de 2022 diz respeito a roupas de malha, com 5.405 toneladas, ao valor de US$ 69,55 milhões. Segue-se o vestuário de tecidos artificiais e sintéticos, com 2.905 toneladas e US$ 33,33 milhões. Em terceiro lugar encontra-se o vestuário de algodão, com 1.237 toneladas e US$ 23,35 milhões.
A principal origem dos produtos de confecção é a China, com 3.711 toneladas, ao valor de US$ 39,61 milhões, no ano passado, e 5.909 toneladas e US$ 72,10 milhões em 2022 (58,36% do total). As importações provenientes do país asiático aumentaram 82,04% em valor e 59,23% em volume.
O maior volume das roupas importadas em janeiro deste ano do país asiático refere-se a malhas, com 3.842 toneladas, ao valor de US$ 38,51 milhões. Em segundo lugar, aparecem os trajes de tecidos artificiais e sintéticos, com 2.273 toneladas e valor de US$ 22,57 milhões. Em seguida, estão as vestimentas de algodão, com 571 toneladas e US$ 8,12 milhões.
Tanto no total quanto na parcela proveniente da China, a maior parte do vestuário importado em janeiro é de malha. A Abit avalia tratar-se de uma antecipação, por parte do varejo brasileiro, para a formação dos estoques de roupas de inverno, considerando, também, as atuais dificuldades logísticas globais, que provocam atrasos nos fretes. Assim, os lojistas adotaram uma postura preventiva.