O mercado externo, que começa a dar sinais de recuperação, foi o assunto principal da coletiva de imprensa da Associação Brasileira das Indústrias de Calçados (Abicalçados), realizada hoje, dia 7, na 47ª Francal, feira calçadista que reúne 800 marcas de calçados de 6 a 9 de julho, no Pavilhão de Exposições do Anhembi, em São Paulo/SP.

Com um mercado interno desaquecido, especialmente depois do segundo semestre de 2014, as atenções do setor calçadista estão voltadas ao potencial além-fronteiras. Para o presidente-executivo da Abicalçados, Heitor Klein, a recuperação da economia norte-americana aliada à valorização do dólar pode alavancar as vendas externas. “Existe uma conjunção de fatores que, tendo em vista a circunstância de queda na demanda interna, recomendam um esforço adicional para o mercado internacional”, ressaltou o executivo, para quem o atual momento macroeconômico, somado ao empenho demonstrado pelo governo federal através do lançamento do Plano Nacional de Exportações (PNE) – que entre outras questões, garantiu a manutenção do Reintegra e o financiamento para as exportações – devem ser fundamentais para o incremento dos embarques.

Segundo o executivo, o mercado externo já dá sinais de recuperação, embora somente a partir da participação das vendas da Francal e das próximas feiras internacionais, GDS (Alemanha) e theMicam (Itália) se poderá ter uma “visão mais clara” da situação. No primeiro semestre, conforme dados preliminares do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC), as exportações de calçados chegaram a US$ 463,9 milhões, número 11,2% inferior ao registro do mesmo período do ano passado. Porém, se segregado apenas o mês seis, houve uma recuperação de 4,2% com relação a maio.

Os Estados Unidos é um dos oito mercados-alvo do programa Brazilian Footwear, realizado pela Abicalçados em parceria com a Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex-Brasil).  Sobre as ações específicas no mercado estadunidense, o gestor de projetos da entidade calçadista, Cristian Schlindwein, destacou as ações de matchmaking na feira calçadista FN Platform, além do Fashion Bloggers  e do Projeto Comprador VIP, que está sendo desenvolvido na Francal com a vinda da rede estadunidense Sears e Kmart, entre outros.

Durante o encontro foi lançado o relatório Brasil Calçados 2015. De autoria do Instituto de Estudos e Marketing Industrial (IEMI), o compêndio é apoiado pela Abicalçados e traz dados de produção, produtividade, comércio externo, emprego, entre outros.  Marcelo Prado, , diretor do IEMI, apresentou o estudo destacando a perda de posições do Brasil no mercado internacional.

Segundo o relatório, o país, que já figurou no topo do ranking de exportadores, agora ocupa apenas a 16ª posição, com apenas 0,9% de participação no total de exportações de 2013. “Perdemos espaço para os asiáticos nos anos recentes. É preciso que a indústria brasileira passe a concorrer em design e valor agregado, não mais no preço”, disse. Segundo ele, mesmo com um dólar em patamares mais elevados, o que teoricamente ajudaria na formação de preços mais competitivos para o produto nacional, a concorrência neste quesito com os asiáticos é impossível. Além da concorrência asiática e da perda de competitividade da indústria nacional por questões de custos de produção, Prado destacou a formação dos grandes blocos econômicos, que permitem importações sem impostos dos países signatários, caso da Nafta e da União Europeia. “As exportações não cresceram apenas em países com baixos custos de produção”, frisou, citando que países como Itália, Bélgica, França, Alemanha e Portugal figuram na frente do Brasil no ranking de exportados mundiais. “Além de serem favorecidos pelo acordo do bloco europeu, esses países vendem design, valor agregado e originalidade”, ressaltou Prado.