Os indicadores mais recentes confirmam a vigorosa recuperação da indústria da moda, que envolve os setores de vestuário, calçados, bolsas e acessórios, bijuterias, semijoias e joias. É o que indica o Panorama Setorial da Indústria da Moda, uma coletânea de dados divulgados pela Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais.

O caminho a ser percorrido para manter essa curva de crescimento é um só: trabalho e confiança, combinação possível com iniciativas como o Minas Trend, que a FIEMG está realizando  até hoje, dia 21, no Expominas  e que conta com quase 100  de vários estados do país.

O segmento da moda nacional é representado por 55.171 empresas no Brasil, responsáveis por mais de um milhão de empregos. Em Minas Gerais, o setor reúne atualmente 7.238 empresas, o que representa 13,4 % do total nacional, respondendo por 10,6% dos empregos do setor no país. Os dados são do Registro Anual de Informações Sociais – RAIS do Ministério da Economia referentes do ano de 2020.

Dados de comércio exterior, extraídos do Comex Stat, também do Ministério da Economia, mostram um desempenho vigoroso da indústria da moda brasileira no mercado global. As exportações brasileiras do segmento somaram US$4,3 bilhões em 2021. As exportações do estado totalizaram US$214,5 milhões, apontando um crescimento de 67,2% em relação a 2020 e ampliando a participação mineira em relação à brasileira de 4,2% apurados em 2012 para 5% em 2021.

Entre os países que mais compraram a produção mineira no ano passado, estão a Argentina, com 21,4%; Vietnã, com 20,2%; e Estados Unidos, que absorveram 14,7% do que foi exportado pelo estado. Também aparecem como compradores regulares a Colômbia e o Paraguai, que somam 9,7% das exportações mineiras da indústria da moda.

Outra boa notícia para o segmento é que o saldo da balança comercial saltou de 4,3 bilhões em 2020 para 82 bilhões em 2021.

Para Daniela Britto, gerente de economia da Fiemg, “a moda brasileira é marcada pela beleza, pela criatividade e originalidade. O Minas Trend é uma oportunidade de reforçar o nosso potencial de inserção no mundo”. Ela salienta que “essa tendência é confirmada pelo crescimento paulatino das exportações do setor e pela conquista de novos mercados”.

 De acordo com o cenário mais recente divulgado pelo IEMI, referente ao ano de 2020, o Brasil conta com 5,1 mil unidades produtoras de calçados, que juntas alcançaram um resultado de 801,6 milhões de pares. Para alcançar essa produção, apenas 2,9% foram supridos por artigos importados e, em contrapartida, o país é um exportador líquido de calçados, com destaque para as linhas confeccionadas em couro.

Os números do setor de calçados em MG são robustos: respondendo por 18,1% da produção nacional, o estado gerava, em 2020, 33.690 postos de trabalho, o que representa 45.98% dos empregos do setor em toda a região Sudeste.

A distância entre quem produz e o consumidor final, na maioria a classe média, é encurtada pelas redes de lojas especializadas nos produtos, revela o estudo.

 

  • “As exportações estão em um ótimo momento”, resume o presidente do Sindicalçados, Luiz Barcelos. Ele destaca que, por um conjunto de fatores, além do câmbio alto, muitos importadores voltaram a comprar calçados do Brasil.O fato, segundo Barcelos, é que muitos lojistas repensaram a estratégia e não querem ficar na mão de poucos fornecedores. E praticamente toda a importação mundial de calçados estava vindo da China. “E em razão da pandemia, os grandes compradores mundiais de calçados, tanto europeus quanto os norte-americanos, sofreram muito com o aumento de frete, entre outros problemas que geraram dificuldades no fornecimento”, afirma o dirigente. Uma grande oportunidade para a produção brasileira.

A expectativa do presidente do Sindivest, Rogério Vasconcelos, é que um aquecimento ainda maior das vendas será proporcionado pelos grandes eventos, como o Minas Trend, avaliando que neste momento, em especial, existe no consumidor um movimento de resgate de autoestima e do amor próprio, traduzido na apresentação pessoal. “As pessoas precisam de roupas para trabalhar e para passeios mais informais, como bares, restaurantes, teatros ou mesmo encontros em casas de amigos.

 

Fortemente concentrado na Região Metropolitana de Belo Horizonte e mais pulverizado pelo interior do Estado, o setor de bolsas de Minas soma aproximadamente 130 empresas. “Os desafios são grandes para o setor. Mas resiliência e criatividade são características do nosso DNA”, resume o presidente do Sindibolsas, Celso Adolfo.

Só que o principal deles é um estímulo ao Brasil que quer emprego: falta mão-de-obra na indústria de bolsas. “Há vagas nas empresas, mas falta a renovação dos profissionais e este se tornou um gargalo crônico”, explica Adolfo.

A diferenciação e a qualidade das marcas mineiras tornam a produção local objeto de desejo das mulheres. “Esse reconhecimento garante a presença de nossa produção nas prateleiras das melhores lojas do Brasil”, comemora o dirigente.

Minas é um ator relevante também na produção nacional no setor de joias e bijuterias. E se destaca por desenvolver produtos autorais e de qualidade.

A avaliação do presidente do Sindijoias, Manoel Bernardes, é que os grandes eventos, como o Minas Trend, são uma ponta importante do processo, “porque nos trazem a oportunidade de entrega deste resultado para um público muito específico – o comprador -, que promoverá a interação de nossas criações com os clientes finais nos pontos de venda. E a forma como o salão é concebido permite explicitar mais facilmente os valores intrínsecos de cada marca e de cada coleção”, disse Bernardes, que é também empresário do setor.