A Miolo em 1993,  tinha apenas quatro anos e fazia somente um ano que a empresa havia lançado seu primeiro vinho, o Miolo Reserva Merlot Safra 1990 com apenas 8 mil garrafas. O desejo era se tornar uma marca reconhecida no mercado internacional de vinhos. A primeira edição do Miolo Lote 43, da Safra 1999, hoje um dos vinhos mais icônicos do Brasil, viria a ser lançada só em 2001. Mas a família, liderada pelo visionário Darcy Miolo (in memorian), tinha o necessário para romper as fronteiras do Brasil: coragem, trabalho, qualidade e uma história genuína. Com a mesma esperança que Giuseppe Miolo carregou ao sair da Itália no ano de 1897 e plantar as primeiras mudas no Vale dos Vinhedos, a família avançou sem titubear. Logo, a marca chegaria à mesa de consumidores de países da América, Europa, Ásia, Oceania e África. Esta viagem pelo mundo começou pelos Estados Unidos, com a remessa de 700 garrafas do Miolo Reserva Merlot.

Adriano Miolo foto divulgação Miolo

O convencimento começou na própria família com incentivo de Adriano Miolo, hoje Diretor Superintendente da Miolo Wine Group. No início, ao invés de containers, a contagem era feita por garrafas, mas cada despacho era comemorado com muitos brindes. Os pedidos foram se tornando cada vez mais regulares e o Brasil, aos poucos, passou a ser conhecido também pela qualidade de seus vinhos e espumantes. Adriano, que na época cursava a faculdade de Enologia em Mendoza, na Argentina, lembra do esforço decisivo para tornar o Brasil conhecido como produtor de vinhos do Novo Mundo. “Os brasileiros estavam começando a conhecer a Miolo. A Associação de Produtores do Vale dos Vinhedos nem havia sido criada ainda. De fornecedores de uva passamos a fazer nosso próprio vinho. Tudo era novo e desafiador. Aprendemos com o mercado. O mundo foi nossa escola. Com ele, entendemos como as marcas falam com o consumidor”, ressalta o enólogo.

Passados alguns anos, a Miolo começou a atuar de forma mais agressiva, criando um departamento de exportação que, por 10 anos, foi gerido pela neta de Darcy, Morgana Miolo. Ela conta que no início ninguém queria atender. “O acesso às pessoas era muito difícil. Ninguém sabia que o Brasil produzia vinhos. Só falavam do Pelé, do Carnaval, do Rio de Janeiro, das nossas praias e da Amazônia”, lembra. “Passamos muitos perrengues. Inicialmente, até o idioma era uma dificuldade, mas as diferenças culturais é que nos desafiavam o tempo todo”, relembra. A pontualidade alemã e a objetividade americana são alguns exemplos citados por Morgana como hábitos culturais fortemente vivenciados. “Tudo fazia parte do jogo. Em Dubai, por exemplo, ninguém falava comigo por ser uma mulher”. Ela conta que a Miolo mandava grandes quantidades de amostras. O investimento era alto, além de burocrático. “Steven Spurrier nos disse que o Brasil precisava tirar a gravata, e foi o que fizemos”, confidencia.

Foram anos e anos de muito trabalho, viagens, contatos e participação em feiras. “Cheguei a ficar 10 dias fora de casa numa época em que meus dois filhos eram pequenos. São horas de voo, tempo para montar o estande, atenção ao público, poucas horas de sono. Muitas vezes, saía do Brasil no verão e desembarcava em algum outro lugar do mundo no inverno. É bem puxado, mas me orgulho muito do trabalho realizado. Aprendi muito e hoje vejo o quanto foi importante toda esta dedicação. Se a Miolo hoje é conhecida e desejada por apreciadores do mundo todo é porque a semente frutificou. Demora, mas é preciso adubar e regar para colher. Tenho muito orgulho desse ciclo. Quem não vive os bastidores vê glamour onde na verdade só existe trabalho”, comemora Morgana que recorda a emoção que foi chegar nos principais players na Inglaterra, França e Estados Unidos, mercados super exigentes. “Ver nosso Miolo Cuvée Brut ser o espumante brasileiro mais vendido em Paris foi extraordinário. Nem nos melhores sonhos”, exalta.

O Wines of Brazil veio em 2002, chegando como uma mola propulsora para colocar a marca Vinhos do Brasil na vitrine mundial, além de ser determinante na orientação e treinamento. “Trabalhar em conjunto com outras vinícolas foi decisivo para fortalecer a marca do Brasil lá fora”, garante Morgana, que integrou comitivas nacionais.

A Miolo no mundo hoje
Atualmente, a Miolo Wine Group exporta para 32 países de todos os continentes, ocupando a posição de maior exportadora de vinhos finos brasileiros. São 600 mil de garrafas que saem do Brasil para diversas partes do mundo todos os anos, o equivalente a 5% da produção anual do grupo que é de 12 milhões de litros. O projeto de internacionalização, iniciado em 2003, quando a Miolo passou a atuar com a consultoria do enólogo francês Michel Rolland, um dos consultores internacionais mais procurados e respeitados no mundo, foi se profissionalizando com a estruturação de um departamento especializado no mercado externo, gerido por profissionais altamente qualificados.

Nesses últimos 20 anos, a Miolo desbravou novos mercados em carreira solo e também com o suporte do Wines of Brazil, marca coletiva que promove o vinho brasileiro mundialmente. De forma organizada e estratégica, a Miolo integra o projeto mantendo uma agenda internacional ativa com presença nas maiores e mais importantes feiras de vinho. “Nossa investida em feiras representativas sempre fez parte da nossa rotina. Assim, conseguimos fortalecer nossos canais e abrir novos. É um trabalho que leva tempo, mas que somente com olho no olho nos permite mostrar ao mundo porque estamos em todos os continentes”, destaca o Export Manager da Miolo Wine Group, Lúcio Motta.

O gestor conta que este ano a Miolo está atuando fortemente nos Estados Unidos com um novo importador, além de chegar a Gana e se reposicionar na Holanda. Avançando a goles de qualidade internacional, a marca é destaque, especialmente, na China, Estados Unidos, Inglaterra e Paraguai.